Intervenção de

Fontes energéticas - Intervenção de Agostinho Lopes na AR

Diversificação das fontes energéticas

 

Sr. Presidente,
Sr. Ministro,
Srs. Deputados:

A diversificação das fontes energéticas é certamente uma questão de grande e estratégica importância nacional, em particular com a aposta na boa exploração das fontes de energia renovável que o País possui.

Esta constatação, quase consenso universal, coloca inevitavelmente uma questão: por que razão, ao longo de 30 anos, de sucessivos governos, do PS, do PSD e deste último com a colaboração do CDS-PP, não o fizeram?

Por que razão só agora se descobriu, por exemplo, que o País tem 50% do seu potencial hídrico por aproveitar?

Por que razão, durante 30 anos, não se construiu uma grande barragem? A que se construiu foi para o regadio, sendo a mais-valia eléctrica uma consequência.

Por que razão não se fizeram os necessários investimentos na Galp?

A resposta é simples: PS, PSD e CDS-PP, apesar de vultosos fundos comunitários, andaram entretidos com a privatização e o desmembramento das empresas do sector, com os negócios privados na energia e, inclusive, com a entrega ao capital externo de grossas fatias do capital social das empresas públicas do sector da energia.

Relativamente à actualidade do tema em debate e pensando na diversificação das fontes de energia e na aposta nas energias renováveis, coloca-se uma outra questão central: por que razão terão de ser, como já estão a ser, os consumidores portugueses, tanto domésticos como empresas, a pagar a factura bem presente no «défice tarifário», quando as duas principais empresas do sector da energia, a EDP e a Galp, a que deveríamos juntar a REN, afixam vultosos lucros?

Por que razão, Sr. Ministro, a generalidade dos portugueses, tal como eu próprio, e as empresas portuguesas têm de suportar a tarifa mais favorável das eólicas, os custos da co-geração, etc., quando a EDP e a Galp, em dois anos de Governo PS, viram os respectivos lucros líquidos subir de 773 milhões de euros para 1695 milhões de euros - um acréscimo de 119% em dois anos?!

Porque os problemas dos elevados preços da energia, em Portugal, seja energia eléctrica, seja gás natural, sejam combustíveis líquidos, assumem foros de um permanente e continuado escândalo a que o Governo neoliberal do PS não põe cobro, gostaria, ainda, que desse uma explicação, Sr. Ministro.

Sr. Ministro, tendo descido 11% o preço médio do barril de petróleo, no primeiro semestre de 2007 relativamente ao primeiro semestre de 2006, explique-nos por que razão subiram os preços dos combustíveis, à excepção do do gasóleo, pagos pelos consumidores portugueses em geral? É que a gasolina sem chumbo 95 subiu 1,37%, a gasolina sem chumbo 98 subiu 2,3%, a gasolina 98 aditivada subiu 1,18%. Será essa a razão para que, no período que mediou aqueles dois semestres, os lucros da Galp tenham subido 71%?

Ainda por cima, conseguiram esta coisa espantosa que foi pagar menos 8 milhões de euros de IRC!

Aproveitando este debate, gostaria que o Governo, aqui presente na pessoa do Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, pudesse responder-nos a três breves questões.

A primeira é a de saber se já são conhecidos os preços das tarifas eléctricas para 2008. Qual é a perspectiva do Governo relativamente a essa questão?

A segunda é a de saber quem vai pagar a substituição dos contadores de electricidade dos consumidores domésticos e de baixa tensão. Pergunto, pois, se o Governo garante que não vão ser nem os consumidores nem o Estado a fazê-lo.

Em terceiro e último lugar, vou colocar uma questão, que continua sem resposta, relativamente a uma matéria que está a pôr em causa um importante sector industrial deste país, o da cristalaria.

Pergunto se os senhores vão ou não resolver o problema dos preços do gás natural para o sector da cristalaria, pois tal está a afectar substancialmente a sua competitividade, colocando todas aquelas empresas em risco de ir à falência.

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