Sr. Presidente,
A situação alimentar no mundo é dramática e tende a agudizar-se.
Milhões de seres humanos vivem em extrema pobreza e muitos são os que morrem de fome em cada hora que passa.
É imperioso, por isso, que medidas rápidas e profundas sejam adoptadas, de forma a pôr cobro a essa situação, que não pode deixar de pesar na consciência da Humanidade.
Para tanto, é indispensável adoptar medidas de estruturais, capazes de dar sério e duradouro combate às causas profundas que determinam essa situação.
Mas, e porque os efeitos uma tal mudança só se fará sentir a prazo, é igualmente necessário acompanhar essas medidas de fundo de outras medidas, de urgência, capazes de salvar vidas humanas desde já.
A ajuda humanitária de emergência até hoje desenvolvida revela-se insuficiente.
É necessária, por exemplo, uma resposta mais significativa a campanhas para zonas de risco como o "Alerta Fome em África", lançado pelo Programa Alimentar Mundial".
É igualmente necessário apoiar iniciativas como as muito recentemente lançadas pelo novo presidente do Brasil, Lula da Silva: quer a que visa a eliminação da fome no seu país, com o programa "Fome Zero", com a qual pretende responder às carências alimentares dos mais de 45 milhões de brasileiros que vivem a baixo da linha de pobreza, ou aquela, proposta em Davos e de carácter universalista, pela qual faz apelo à criação de um "Fundo internacional para o combate à miséria e à fome nos países do terceiro mundo contra a Fome".
Mas é essencial, como antes referi, que se adoptem também medidas de fundo, rompendo antes de mais com um modelo que se revelou inadequado e injusto e que subalterniza os países de menor desenvolvimento. Nomeadamente ao pretender tudo resolver pelo comércio - e que perpetua um comércio desigual - e que dá exclusiva prioridade ao crescimento económico e omite a importância da distribuição equitativa da riqueza criada.
Impõe-se uma nova ordem económica mundial, nomeadamente com alterações profundas em instrumentos hoje determinantes e com orientações desajustadas e injustas como a OMC, o FMI e o Banco Mundial.
É determinante dar resolução definitiva ao problema da dívida.
E é especialmente necessário assegurar preços estáveis e compensadores para as produções clássicas dos países de menor desenvolvimento, geralmente do sector primário; como fundamental é dar prioridade à soberania e à segurança alimentares, nomeadamente assegurando a mobilização dos recursos naturais e humanos e garantindo o acesso a á terra e à agua por parte das populações mais desprotegidas desses mesmos países.