Contrariamente ao que poderia indiciar a existência de uma resolução do PE sobre o trágico acontecimento ao largo da ilha italiana de Lampedusa, o texto não faz uma avaliação séria da situação existente e muito menos a defesa de políticas que ajudem a encontrar soluções para a tragédia humana diária que constitui a tentativa de milhares de imigrantes em chegar aos países da UE.
O que aconteceu em Lampedusa demonstra o carácter desumano da política de imigração da UE, responsabilizando a maioria do PE enquanto promotor e apoiante da mesma. A maioria do PE é cúmplice do que aconteceu e de uma política que continuará a provocar a morte, os maus-tratos e as mais hediondas violações dos direitos (humanos) dos imigrantes. Esta resolução demonstra que a maioria do PE continua a defender o tratamento dos imigrantes (pessoas que fogem à exploração, à fome e à miséria para procurar uma vida um pouco melhor) como criminosos, enquanto as actividades criminosas que alimentam a sua exploração continuam a passar incólumes. Por detrás das palavras de circunstância habituais nestas ocasiões, sobressai a vontade de manter e aprofundar uma política repressiva e mesmo criminosa na forma como aborda a imigração (veja-se o papel que é conferido à FRONTEX).