Intervenção de

Faixa de Gaza - Intervenção de Bruno Dias na AR

 

O bloqueio israelita à Faixa de Gaza

 

Senhor Presidente,
Senhoras e senhores Deputados,

Entre os dias 9 e 16 de Janeiro, o Presidente George W. Bush realizou uma visita ao Médio Oriente. No dia 17 de Janeiro, o Estado Israelita desencadeou uma criminosa acção de bloqueio à Faixa de Gaza, que continua a provocar uma verdadeira catástrofe humanitária para os cerca de um milhão e quatrocentos mil habitantes daqueles territórios ocupados.

Israel provocou o corte, para a Faixa de Gaza, do fornecimento de ajuda humanitária (da qual depende 80% da população), do fornecimento de energia, do fornecimento de medicamentos, alimentos, água potável. Acrescem os bombardeamentos e as ofensivas terrestres israelitas, que nos últimos dias ceifaram dezenas e dezenas de vidas. Esta actuação do Governo de Tel Aviv foi classificada pelo responsável das Nações Unidas para a Palestina como um «crime de guerra», em violação da Convenção de Genebra.

Perante esta situação desumana e chocante, temos o dever incontornável de erguer a voz com toda a clareza e com toda a firmeza. O Parlamento tem de tomar uma posição inequívoca de protesto e de condenação perante estes crimes perpetrados por um Estado contra um Povo.

Até ao princípio da tarde, tinha sido distribuído um Voto de Protesto (voto de protesto n.º 123/X) (que apoiamos e que votaremos favoravelmente). Agora, temos também um verdadeiro Voto de Branqueamento, que o PS apresentou e em que se ignora totalmente a questão central deste momento, que é a da exigência de uma firme condenação a este bloqueio criminoso.

O PS não condena o bloqueio. Só condena os ataques feitos a partir da Faixa de Gaza ao território israelita. O PS ignora o terrorismo de Estado por Israel: apela à "contenção de todas as partes", branqueando a real situação que se está a viver. O PS ignora o facto de Israel ter declarado Gaza como "território hostil", como se algum processo de paz fosse possível através da exclusão e hostilização de todo o território da Faixa de Gaza e das suas populações.

O PCP não aceita que a condenação das políticas e dos métodos do Hamas se traduza na imposição de um bloqueio desumano a todo um povo.

O PCP votará contra este "voto de branqueamento" do Partido Socialista, e afirma a sua viva condenação face a este criminoso bloqueio, mas também a sua solidariedade activa, de sempre, para com o Povo Palestiniano.

Disse.

 

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