Apesar do relatório conter aspectos que valorizamos e consideramos
positivos no quadro do agravamento da situação mundial, entre outros
aspectos, este não se demarca nem denuncia os reais objectivos e
consequências da denominada "luta contra o terrorismo", designadamente
como factor que promove, por si mesmo, e incentiva o terrorismo.
O relatório alude, embora de forma mitigada, à necessidade fundamental
da "resolução diplomática e pacífica dos conflitos no mundo", no
entanto não aponta que como primeiros "factores que incentivam o
terrorismo" se encontram a espiral de violência alimentada pela
militarização das relações internacionais, as agressões à independência
dos Estados e à soberania dos povos, o terrorismo de Estado, a violação
das liberdades, direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, a
exploração capitalista desenfreada, o desumano aprofundamento das
desigualdades e das injustiças e a existência de milhões de seres
humanos vivendo em situações desesperadas - como no Afeganistão, no
Iraque ou na Palestina.
Consideramos que uma análise séria tanto do terrorismo - em todas as
suas formas, incluindo o terrorismo de Estado -, exigirá a sua
contextualização política, expondo-se, desta forma, as suas causas
profundas e as políticas que estão na sua origem, como a dita "luta
contra o terrorismo" de que os EUA e os seus aliados são protagonistas.
Daí a nossa abstenção.