A profunda crise para que o neoliberalismo reinante conduziu a Europa levou a que os autores da Estratégia 2020 procurassem envolver os seus objectivos com uma retórica social e ambiental, que tem sido abundantemente propagandeada. Retórica que, ainda assim, deixa cair os objectivos do "pleno emprego" e da "erradicação da pobreza" que encontrávamos na sua antecessora Estratégia de Lisboa.
Mas os instrumentos conhecidos da Estratégia 2020 não deixam margem para dúvidas: esta é uma velha estratégia, que visa justificar e viabilizar velhas políticas, com consequências conhecidas.
A flexibilização e desregulamentação laborais, a primazia ao aprofundamento do mercado interno, com as liberalizações e privatizações de ainda mais sectores económicos, a liberalização e desregulação do comércio internacional, são afinal, no seu conjunto, os instrumentos que nos conduziram à situação actual. Insistir neles não representa senão uma autêntica "fuga em frente", persistindo no caminho do desastre económico, social e ambiental.
Utilizam-se os mais de vinte milhões de desempregados para impor aos restantes trabalhadores uma acrescida desvalorização da força de trabalho, generalizando a precariedade, o emprego intermitente, o desemprego estrutural.
A tão alardeada "economia social de mercado" não significa afinal outra coisa senão a mercantilização de todas as esferas da vida social, da natureza e dos seus recursos.