Esta estratégia não dá resposta aos graves problemas que enfrentamos, e ainda menos ao autêntico desastre económico e social, que as imposições políticas da livre concorrência estão a provocar, nalguns Estados membros de economias mais frágeis.
É um erro insistir em políticas idênticas à liberal estratégia de Lisboa, que deixou cair pelo caminho os objectivos anunciados, há dez anos, de pleno emprego e de erradicação da pobreza, dando antes prioridade aos grupos económicos e financeiros, aos seus ganhos à custa do agravamento da situação social e laboral.
Basta ver as consequências da aplicação dos critérios cegos do Pacto de Estabilidade e das liberalizações e privatizações de sectores estratégicos e de serviços públicos, incluindo nos serviços financeiros, na energia, nos transportes e correios.
Basta ver o que se passa na área do trabalho, com o crescimento da precariedade e do desemprego, que atinge actualmente mais de 23 milhões de desempregados, a que se juntam 85 milhões de pessoas em situação de pobreza.
Ao contrário do que se pretende fazer crer, o que todos os indicadores demonstram é que, a manterem-se as estratégias seguidas até agora, as taxas de crescimento económico serão muito baixas e inferiores às de outras zonas do mundo, o que significa agravamento do desemprego, do trabalho precário e mal pago, da pobreza e da exclusão social.
Lamentavelmente, o orçamento comunitário não dá resposta à necessária coesão económica e social, como a situação na Grécia bem demonstra.
É tempo de dar prioridade à sustentabilidade social. É tempo de se acabar com a especulação financeira e a financeirização da economia. É tempo de acabar com o Pacto de Estabilidade e de dar outras funções ao BCE, de controlar eficazmente o sector financeiro, de dar prioridade a um verdadeiro Pacto de Desenvolvimento e Progresso Social.