Na parte da manhã, os alunos do ensino básico e secundário dos distritos de Lisboa e Setúbal concentraram-se junto ao Ministério da Educação, onde reclamaram uma educação de qualidade, pública, democrática e para todos.
Exigiram, de igual forma, o fim do actual estatuto do aluno, que apresenta uma visão retrógrada e preconceituosa da juventude actual, e do regime de gestão das escolas. «Um pouco por todo Portugal há ataques à liberdade e à representatividades dos estudantes, desde atropelos às associações de estudantes a ofensivas ao direito de manifestação e reunião, perante os quais o Ministério nada faz, mesmo quando avisado», denuncia a Delegação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico, que organiza os protestos.
Os alunos do ensino básico e secundário manifestaram-se ainda contra a privatização dos serviços escolares. «Estudantes estão na rua, a luta continua», «Oiçam-nos a nós, violência não tem voz», «Queremos democracia», «Estudantes unidos jamais serão vencidos», foram algumas palavras de ordem entoadas entre a Praça do Saldanha e a Avenida 5 de Outubro.
Entre muitos outros lugares, realizaram-se protestos em Torres Vedras, Vila Franca de Xira, Sintra, Porto, Beja, Pias, Serpa, Aljustrel, Ourique, Montemor-o-Novo, Évora, Vendas Novas, Viana do Alentejo, Portalegre, Faro, Olhão, Portimão, Grândola, Sines, Santo André, Santiago do Cacém, Braga, Póvoa do Lanhoso, Esposende Barcelos, Coimbra, Montemor-o-Vela, Vila Nova de Poiares, Penacova e Cantanhede. Os estudantes estiveram ainda em luta em Viseu, São João da Pesqueira, Trancoso, Aveiro, Espinho, Águeda, Vagos, Oliveira do Bairro, Esmoriz, Ílhavo, Cartaxo, Tomar, Alpiarça, Santarém, Marinha Grande, Alcobaça, Viana do Castelo e Valença.
Este dia ficou ainda marcado pelo lançamento de um abaixo-assinado, da Associação de Estudantes da Escola Profissional de Ciências Geográficas, sobre as questões que afectam o ensino profissional. «O Governo tem assumido uma postura de desresponsabilização, que reflecte-se no pequeno número de escolas profissionais públicas, sobretudo se comparadas com as privadas, colocando este subsistema de ensino na mão de privados que desrespeitam o ensino público, gratuito, democrático e de qualidade», lê-se no documento.
A Organização Regional de Aveiro do Ensino Secundário da JCP saudou, entretanto, o protesto dos estudantes, «mostrando desta forma o descontentamento vivido face às sucessivas políticas de desinvestimento na educação».
A parte da tarde, em Lisboa, foi preenchida por uma manifestação dos estudantes do ensino superior, que iniciou-se no Marquês e Pombal e terminou à porta da Assembleia da República. Ali, entre outras reivindicações, exigiram o fim do Processo de Bolonha e das propinas, que, por exemplo, na Faculdade de Ciências de Lisboa chegam aos 5200 euros por anos.
Os estudantes da Universidade de Aveiro alertaram, de igual forma, para a falta de salas de estudo, para os atrasos no pagamento e atribuição das bolsas, assim como a não abrangência de muitos alunos pela Acção Social Escolar e a insuficiência das bolsas para cobrir todas as despesas dos alunos.