Uma saudação a todos os presentes e permitam-me uma palavra especial para os camaradas e amigos que confeccionaram, organizaram e garantem o funcionamento deste jantar, é destes momentos que também se faz a militância, é também assim que se reforça o nosso Partido.
Um Partido de muita gente, gente determinada e com uma confiança inabalável no nosso povo, desse povo de que somos parte e que, com a sua luta, construiu e constrói a história deste País, sim deste País soberano com quase 900 anos e que não pode ser reduzido a uma mera província da União Europeia, transformado num resort turístico.
Este povo que com as suas mãos levou por diante a mais bela realização da nossa história, a Revolução de Abril.
Essa Revolução que, apesar de décadas de uma política praticada por sucessivos governos que nunca se conformaram com as conquistas, os valores e a esperança colectiva que Abril abriu, não só está viva, como é em si que estão os valores, o projecto, a força e a esperança, capaz de responder aos direitos e anseios de todos os que cá vivem e trabalham.
Portugal tem meios, tem recursos e tem gente capaz de impor o caminho aberto pela Revolução de Abril.
Numa altura em que procuram fomentar o medo, o medo de sair de casa, o medo do vizinho e do outro, o medo imposto pela propaganda de guerra, aqui estamos nós, para enfrentar a ideologia do medo, aqui está o PCP, aqui estão os democratas, aqui estão os que não se vergam ao medo e com a sua intervenção, com a coragem de sempre, com a determinação de quem não se resigna perante a exploração, as injustiças, as desigualdades e a guerra, aqui está e afirma as respostas necessárias e com o caminho de esperança que se impõe.
É esta, também, a grande força que emerge do XXII Congresso do Partido, esse banho de realidade de um Partido ligado à vida, com os pés assentes no chão e na vida vivida, e a partir dela se lança na tomada de iniciativa.
Tomar a iniciativa pelo reforço do Partido, o elemento determinante para a convergência, tomar a iniciativa pela mobilização e luta, tomar a iniciativa pela construção da alternativa que se impõe.
Não estamos aqui para descrever o que está mal, as pessoas, a vida, o dia a dia. Como cada um conhece por experiência própria, sabe bem o que está mal, sente na pele as injustiças, as dificuldades, sente a dureza da vida.
Estamos aqui para identificar e apontar o dedo aos reais responsáveis pela situação a que chegámos de brutal injustiça e desigualdade, aqui estamos para os acusar.
Identificar quem são os que se vão enchendo enquanto a maioria é apertada, mas também quem são os que, para lá das palavras, da mentira, da demagogia, nunca falham à voz do chefe.
Estamos aqui para tomar a iniciativa contra forças do discurso bafiento e xenófobo que procuram branquear os verdadeiros responsáveis pelas injustiças e desigualdades, os mesmos que em grande medida são os grandes financiadores dessas forças que, apoiadas pelo sistema, são o pior que o sistema tem para oferecer.
Tomar a iniciativa e não tolerar que 2 milhões de pessoas, entre as quais 380 mil crianças, estejam na pobreza.
Tomar a iniciativa e não aceitar milhões de trabalhadores com baixos salários, mais de metade com contratos precários, sujeitos a horários desregulados, a turnos abusivos, sem tempo para si e para os seus.
Tomar a iniciativa e não permitir que quem trabalhou uma vida inteira esteja sujeito a receber menos de 600 euros de reforma, como acontece com cerca de 70% dos idosos no nosso País.
Tomar a iniciativa e dizer basta de urgências encerradas, atrasos na linha SNS24, listas de espera e milhares de utentes sem médico de família, enquanto se transferem milhões de euros de recursos públicos para os cofres dos grupos económicos, de quem faz da doença um negócio e que vive à custa do Estado.
Tomar a iniciativa e recusar que tanta gente esteja sujeita a tantos sacrifícios e prescinda de tanto para aguentar as insuportáveis rendas e prestações, enquanto a banca apresenta lucros recorde e o Governo abre mais e novos caminhos às negociatas dos fundos imobiliários.
Tomar a iniciativa contra o aumento do custo de vida, onde os alimentos subiram em três anos 27%; as rendas o maior aumento dos últimos 30 anos; as telecomunicações, a energia, o gás, que teimam que sejam taxados à taxa máxima do IVA, com o gás de botija a custar mais do dobro cá do que em Espanha, com as margens de lucro hoje superiores às que havia em 2020.
Tomar a iniciativa e travar um Governo que mais parece uma comissão de gestão dos interesses dos grupos económicos e das multinacionais.
Um Governo apostado em transformar, o mais depressa possível, cada problema em novos favores ao grande capital.
Um Governo apressado em privatizar tudo onde o capital quer pôr a mão; com pressa em nomear agentes da concretização dos seus objectivos e em formar grupos de trabalho para elaborar conclusões que já estão mais que tiradas e que visam o assalto aos fundos da Segurança Social, aumentar o tempo de trabalho, obrigar as novas gerações a trabalhar até não poderem mais, quando aquilo que se impõe é que 40 anos de trabalho, 40 anos de descontos, permitam, sem penalizações e cortes, o mais que merecido acesso à reforma.
Um Governo submisso às ordens de Bruxelas, sejam elas quais forem, e a cumprir a sua agenda de precariedade e exploração, e de fazer da educação, da saúde, da infância e da velhice mais e mais negócios.
Um Governo que, apoiado numa grande máquina de propaganda, vai vendendo a ideia que está a fazer, e está.
Está a transferir, com o PS, o Chega e a IL, 365 milhões de euros em IRC para os grupos económicos, está a ajoelhar o País aos interesses e vontades das multinacionais, está a desbaratar a soberania, está-se a preparar para obedecer à voz do chefe e transferir recursos públicos que tanta falta fazem, para o negócio das armas, da morte e da guerra.
Está a fazer tudo para que a riqueza criada todos os dias pelo esforço e dedicação dos trabalhadores, dos que põem o País e a economia a funcionar, seja cada vez mais concentrada nas mãos de 19 grupos económicos que encaixam, todos os dias, qualquer coisa como 32 milhões de euros de lucros.
Para termos uma ideia do que isto significa, estes 32 milhões por dia dariam para assegurar a todos os bolseiros de investigação os mais que justos e merecidos subsídios de férias e 13.º mês, e ainda sobravam uns milhões, por dia, para investir na ciência e tecnologia.
Ganhavam os investigadores, ganhava a ciência, ganhava o País, mas assim só ganham os que se acham donos disto tudo.
Tomar a iniciativa na denúncia deste caminho desastroso e avançando com confiança ao lado dos trabalhadores, dos reformados, dos jovens, tal como estamos a fazer com a campanha “aumentar salários e pensões, para uma vida melhor”.
Uma importante jornada que temos em curso, de contacto, esclarecimento, mobilização e recolha de assinaturas, para se somarem às dezenas de milhar já recolhidas até ao momento.
Uma experiência que precisamos de ter presente em todas as tarefas que temos por diante, desde logo na batalha autárquica, para que esse necessário e urgente contacto, esclarecimento, envolvimento, mobilização se transforme num amplo movimento de construção e apoio popular à CDU.
Tal como estamos a exigir mais salários e pensões, cá estamos pela defesa dos trabalhadores das freguesias e dos municípios.
Com o mesmo empenho com que condenamos a lei dos solos, a lei da especulação, juntemos todos pela resposta ao acesso à habitação.
Tal como exigimos a vida melhor a que temos direito, façamos do objectivo de viver melhor na nossa terra, um instrumento de luta, mobilização em defesa da gestão pública da água, do tratamento de resíduos, da higiene urbana, pelo transporte publico, pelo desporto, a cultura, o apoio ao associativismo.
Façamos destas exigências a plataforma que une vontades e junta comunistas, ecologistas, independentes e todos quantos para lá das suas opções partidárias queiram viver melhor na sua terra.
Tal como expressamos o muito que nos distingue de todos os outros, afirmemos o trabalho, a honestidade e competência como marca profundamente diferenciadora da forma de estar, objectivo e projecto da CDU.
Aqui estamos empenhados e por um Portugal desenvolvido e soberano – e por esta vida melhor, a luta dos trabalhadores e do povo é decisiva, como é decisiva a intervenção do PCP.
Agimos com a força notável do nosso colectivo, com o exemplo de militância e dedicação que caracteriza a acção dos comunistas, mobilizamos a força notável do nosso Partido e ao mesmo tempo precisamos de um Partido mais forte.
Com mais camaradas a darem o seu contributo militante, contributo como o que é dado aqui neste jantar.
Um Partido mais forte com mais quadros com tarefas e responsabilidades regulares.
Com um trabalho de contacto e um apelo aos trabalhadores, a todos os que reconhecem o nosso ideal e projecto, para que adiram ao PCP e juntem a sua força à nossa força.
Conhecemos as dificuldades, sabemos as exigências mas temos uma grande confiança.
No tempo em que vivemos o PCP afirma a diferença, capacidade, resistência, coragem, iniciativa e uma grande confiança na luta por uma vida melhor, uma sociedade mais justa.
Este é o Partido que os trabalhadores, a juventude e o povo precisam.
Não desistimos de nenhuma batalha por mais exigente que ela possa parecer, foi e é assim com a reposição das freguesias, como aqui mesmo no distrito de Coimbra, com as freguesias de Ferreira-a-Nova, Santana, Buarcos, São Julião, Alhadas e Brenha, na Figueira da Foz; de Lousã e Vilarinho, na Lousã; de Ervedal e Vila Franca da Beira, em Oliveira do Hospital; e de Cantanhede e Pocariça, em Cantanhede, a serem repostas e a mostrarem que a luta das populações vale a pena e que podem contar sempre com o PCP ao vosso lado, de forma coerente e determinada.
Uma luta que é preciso prosseguir para repor as freguesias em falta, nomeadamente as de Portunhos e Outil, em Cantanhede, e Paião e Borda do Campo, na Figueira da Foz.
Não desistimos da batalha da valorização do SNS e da defesa do Hospital Geral dos Covões e dos cuidados de proximidade.
Não desistimos da defesa da natureza e da qualidade ambiental, da recuperação da Mata do Choupal e de Vale de Canas, lá estamos com a luta das populações contra o impacto ambiental de múltiplos projectos industriais e de mineração já existentes e previstos para a freguesia.
Não desistimos da defesa da ferrovia e, como temos dito, destruir a ferrovia é andar para trás.
Não desistimos da requalificação e duplicação do IP3 sem portagens.
E não desistimos, mas não desistimos mesmo, da luta pela Paz.
Neste tempo em que alguns promovem a guerra e justificam a corrida aos armamentos, o PCP e a CDU não cedem um milímetro que seja na denúncia e no combate a estes propósitos.
Não aceitamos cortes nos salários, nas pensões, nos serviços públicos, para transferir recursos para a indústria da guerra e da morte, em nome de uma suposta segurança que mais não é que uma garantia de lucros para o complexo industrial militar.
Perante o discurso neoliberal, reaccionário e militarista que se ouve em grande escala, seja em Portugal, seja na UE, seja nos EUA, o caminho que se impõe é o da solidariedade, da cooperação e Paz entre os povos, é isso que exige a Constituição da República.
Aqui deixamos uma saudação à corajosa resistência do povo palestiniano.
Aqui fica a exigência de um cessar-fogo permanente e que abra caminho à criação do Estado da Palestina, um caminho que o Governo de Portugal insiste em rejeitar, mas que vai ter mesmo de aceitar.
Sim, camaradas e amigos, aqui está a força que não claudica, que não desiste do nosso povo e do País.
É urgente, e mais do que isso, é possível romper com o actual rumo e impor uma alternativa patriótica e de esquerda.
Que aumente os salários e as pensões, que defenda e reforce o SNS, a habitação, que cumpra e faça cumprir os direitos dos trabalhadores, das crianças, dos jovens, dos reformados, dos pequenos empresários e produtores.
Hoje e sempre, quaisquer que sejam as circunstâncias, contem com o PCP ao vosso lado na luta por uma vida melhor.