Apesar de conter aspectos que consideramos positivos, o presente
relatório foge à análise do cerne da realidade das relações da UE -
omitindo ou escamoteando as suas profundas responsabilidades e os seus
objectivos estratégicos - relativamente a África.
Talvez o mais gritante exemplo seja o seu silêncio quanto às
iniciativas articuladas no âmbito da NATO/EUA/UE relativamente a este
Continente, como a criação de comandos militares específicos
(EUA/AFRICOM), a realização de manobras militares (NATO) ou a crescente
presença militar das grandes potências da UE ("mecanismos de apoio à
paz", missões militares).
O relatório contém ainda aspectos que abrem as portas à ingerência -
disfarçada de "humanitária", de "gestão de conflitos" ou de "boa
governação" - e não denuncia a crescente subordinação da política de
desenvolvimento às estratégias de "segurança" - privilegiando-se a
"ajuda ao desenvolvimento" prestada por militares ou a utilização das
suas verbas para fins que nada têm a ver com esta -,
instrumentalizando-a em função dos objectivos estratégicos das grandes
potências, nomeadamente o domínio dos imensos recursos naturais,
incluindo o petróleo, deste Continente.
Por fim, valorizando os condicionamentos que advoga para os "Acordos de
Parceria Económica", o relatório reafirma o "dogma" da liberalização do
comércio como base para o desenvolvimento.
Defendendo a realização da Cimeira UE/África, rejeitamos tais políticas.