As responsabilidades da UE na profunda crise em que a Europa mergulhou, nos insuportáveis desequilíbrios e desigualdades entre Estados, foram deliberadamente ocultadas neste discurso.
Como ficou claro, o que se pretende é forçar uma fuga em frente. Insistir nos mesmos caminhos, nas mesmas políticas e orientações que nos trouxeram ao desastre económico e social. Mas agora em dose reforçada. Mais federalismo, mais neoliberalismo, mais militarismo.
O rumo que o presidente da Comissão Europeia aqui veio anunciar, falando em nome dos beneficiários e mandantes da integração capitalista europeia, não é uma inevitabilidade, nem algo com que os trabalhadores e os povos da Europa se tenham de conformar. Pelo contrário. O verdadeiro futuro da Europa não se circunscreve aos cenários que a UE agora define para o seu próprio futuro.
Será a luta dos trabalhadores e dos povos da Europa, pelo direito ao seu desenvolvimento soberano e pela ruptura com os constrangimentos que o impedem, que irá definir os caminhos de que se fará o futuro do continente. Será essa luta a abrir o caminho a um projecto de cooperação solidária entre Estados soberanos e iguais em direitos, assente no benefício mútuo, na paz e no progresso social. Um projecto que, como fica cada vez mais claro, exige a derrota da UE.