Salvo os profissionais de enfermagem que foram destacados para ocumprimento de servíços mínimos, muito poucos enfermeiros se ausentaramde um dos mais marcantes momentos da história sindical destestrabalhadores, conscientes da importância do sucesso desta luta para oseu futuro.
Como foi salientado por representantes do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, a dimensão e a força do protesto só tem comparação com a realizada em 1976, quando a profissão foi reconhecida com competências próprias.
No último de três dias de greve, que registou uma adesão acima dos 90 por cento, os enfermeiros, provenientes de todas as regiões, salvo as autónomas, e que no dia anterior tinham desenvolvido acções e concentrações de protesto, em mais de vinte cidades, cercaram simbólicamente o Ministério da Saúde, diante do qual aprovaram uma resolução, posteriormente entregue também no Ministério das Finanças.
Aprovada e aclamada, a resolução termina legitimando os quatro sindicatos promotores desta acção, a adoptarem o endurecimento das formas de luta na classe, caso o Governo mantenha a intransigência de manter a injustiça da discirminação salarial, que é ainda mais sentida pelos enfermeiros que iniciam a profissão, muitos com contratos precários e menos direitos.
Pela primeira vez na história desta classe profissional, os enfermeiros foram capazes de encher de protestos a Avenida da Liberdade, durante a indignada caminhada, da Avenida João Crisóstomo até ao Terreiro do Paço, e quando a cabeça da manifestação chegou ao Ministério das Finanças, ainda o fim da mesma ia na Rotunda do Marquês de Pombal.
Diante do Centro de Trabalho Vitória, uma delegação do PCP com os deputados, Bernardino Soares e Paula Santos, e o membro do Secretariado do Partido, Jorge Pires, entre outros camaradas do sector da Saúde do Partido, reforçaram a solidariedade com a justa luta dos enfermeiros, também por carreiras dignas e contra a precariedade. Tanto quando a resolução foi aprovada, como na intervenção final, após ter sido entregue no Ministério das Finanças, os trabalhadores foram informados de que o Grupo Parlamentar do PCP tinha anunciado a sua solidariedade e apoio à luta dos enfermeiros.
Gritando, «A enfermagem unida jamais será vencida!», conscientes da necessidade de manter essa unidade na luta até obterem os seus objectivos, os enfermeiros terminaram a acção garantindo, vigorosamente, que a continuarão até que o Governo faça eco das justas reivindicações que os levaram a personificar o maior repúdio sofrido pelo executivo minoritário de José Sócrates e pela sua política de direita, na actual legislatura, até agora.