O Partido Comunista Português e o Partido Comunista de Espanha realizaram hoje um encontro no âmbito das suas relações de amizade e cooperação. O Encontro teve lugar na sede do Partido Comunista Português e contou com a participação de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP e José Luis Centella, Secretário-geral do PCE.
O PCP e o PCE chamam a atenção para violenta ofensiva anti-social, antidemocrática e militarista do imperialismo que se intensifica com o aprofundamento da crise do sistema capitalista.
Neste quadro, chamam especialmente a atenção para os perigos que decorrem das políticas que nos dois países, e na União Europeia estão a aprofundar a espiral de austeridade, empobrecimento e endividamento de diferentes Estados da União Europeia, a demonstrar a falência dos pilares do processo de integração capitalista na Europa e a criar situações de autêntica catástrofe social como o confirmam os recentes níveis históricos de desemprego em Portugal e Espanha.
Tal caminho apenas serve aos grandes grupos económicos, ao grande capital financeiro, às principais potências imperialistas e a uma União Europeia ao serviço do grande capital, cada vez mais dirigida pelo directório de potências comandado pela Alemanha. Tais politicas apenas interessam aqueles que são responsáveis pela crise e que com ela continuam a acumular riquezas enormes à custa do empobrecimento, do desemprego e da fome de milhões de seres humanos e do esmagamento da soberania e independência dos Estados.
O PCP e o PCE afirmam que o que a situação exige é uma verdadeira ruptura com tais políticas, uma inversão do caminho percorrido até agora que possibilite uma alternativa de progresso social, desenvolvimento económico, cooperação e paz.
Uma ruptura não compatível com a propaganda em torno da “austeridade inteligente” ou com retóricas sobre o “crescimento e o emprego” que não põem em causa as orientações de fundo seguidas até agora pela social-democracia e a direita europeias, sistematizadas no mal chamado “Tratado Orçamental” e no colete-de-forças da governação económica.
Uma saída progressista da crise que não é compatível com operações de maquilhagem de uma política e de um rumo que já provaram e continuam a provar não servir os interesses dos trabalhadores e dos povos e que, como as jornadas de luta social e de massas em diversos países da Europa e os recentes processos eleitorais em França e na Grécia demonstram, são rejeitados e condenados.
A ruptura e a saída progressista da crise passam pela revogação do denominado “tratado orçamental”; pelo fim dos pactos de agressão como o que está em aplicação em Portugal; pelo abandono das ditas “reformas estruturais” de cariz anti-social e neoliberal como as que estão em aplicação em Espanha e Portugal; por medidas que garantam o controlo público da banca e de sectores estratégicos da economia; por medidas que valorizem o trabalho e os trabalhadores e apostem no progresso social como factor essencial para o desenvolvimento económico
O PCP e o PCE rejeitam as campanhas ideológicas que tentam apresentar como inevitável o actual rumo de empobrecimento e exploração. Afirmam a sua profunda confiança na força da unidade dos trabalhadores e dos povos de Espanha e Portugal e no valor inestimável da sua solidariedade e cooperação. Afirmam o seu empenho na dinamização da luta popular, reiteram o seu apelo ao desenvolvimento de processos de luta nas mais diversas vertentes e expressam o seu apoio ao movimento sindical de classe.
Face à realização nos dias 20 e 21 de Junho da cimeira da NATO em Chicago, o PCP e o PCE reiteram a importância da continuação da luta contra a renovada ofensiva militarista do imperialismo, pela dissolução dos blocos político militares e pelo fim das bases militares estrangeiras. Condenam a nova corrida aos armamentos, exigem o fim do sistema antimíssil, nomeadamente da instalação de facilidades deste sistema nas bases estrangeiras instaladas em Espanha. Exigem o fim das guerras e manobras de ingerência da NATO em países como o Afeganistão, Líbia, Síria ou Irão.
No quadro do reforço da solidariedade internacionalista entre os trabalhadores de Espanha e Portugal e do aprofundamento da cooperação entre os comunistas, os dois partidos acordaram uma agenda de iniciativas comuns de que se destacam a realização de dois actos públicos, com a participação de Jerónimo de Sousa e José Luis Centella, a terem lugar dia 15 de Junho em Lisboa e dia 22 de Junho em Madrid. Iniciativas que pretendem contribuir para fortalecer a confiança dos trabalhadores e dos povos de Espanha e Portugal de que pela sua luta é possível mudar e inverter o actual rumo de declínio e exploração.
O PCP e o PCE afirmam convictamente de que com a unidade dos trabalhadores e do povo e com a sua solidariedade é possível não só defender direitos e rechaçar os ataques em curso, como alcançar novas conquistas e transformações de carácter anti-capitalista e anti-monopolista, no rumo da construção do socialismo, a alternativa cada vez mais necessária a um capitalismo cada vez mais explorador e opressor.