Embora a palavra empreendedorismo esteja a ser amplamente aplicada, não podemos substituir nem desligar este conceito, que incorpora, também, a ideia de criação do próprio posto de trabalho, da actual degradação das relações de trabalho, tendo em conta a profunda e grave ofensiva que se vive, quer ao nível dos direitos sociais e laborais, quer na concreta e real destruição dos postos de trabalho, nomeadamente através da destruição de sectores produtivos, como acontece em Portugal.
Assim, este relatório apresenta várias contradições, pelo que não o votámos favoravelmente. E, apesar de reconhecermos a importância do apoio às micro, pequenas e médias empresas, pensamos que é necessário alertar para a realidade crescente dos falsos trabalhadores independentes, que são, na verdade, uma porta aberta para vínculos laborais precários, com os quais se pretende acabar com os direitos de quem trabalha.
Salientamos com maior preocupação a situação das mulheres, que continuam a viver em diversos casos, uma posição desfavorável e discriminatório nos seus locais de trabalho, aos mais diversos níveis, sem esquecer o fosso salarial entre a média dos salários dos homens e das mulheres na União Europeia, que ronda os 18%, número que esta crise tende a agravar.