Este Encontro Nacional decorre num quadro em que, apesar da propaganda mentirosa do Governo de que “o país está melhor” e de que a falsa “saída limpa” abriu caminho ao “melhor dos mundos”, a verdade nua e crua é que persiste o círculo vicioso de estagnação-recessão na economia, agrava-se a regressão social de uma dimensão histórica e a soberania nacional afunda-se a olhos vistos.
Foi aqui que chegámos com trinta e oito anos de governação dos partidos do “arco da política de direita”, vinte e oito anos de integração capitalista na UE e três anos de escalada anti-social e antipopular deste desgraçado governo PSD/CDS.
E o agravamento da crise económica e social, política e institucional é o rumo que se projecta para o futuro do país, se a política de direita sobreviver aos grandes combates dos tempos próximos, o que coloca o imperativo nacional de que tal não aconteça, com uma ruptura com a situação e com uma alternativa patriótica e de esquerda.
E importa deixar claro que, se acontecesse uma alternância do PS substituir este governo - que aliás será inevitavelmente derrotado nas legislativas -, isso resultaria, sem sombra de dúvida, na continuidade da política de direita, com novos protagonistas.
O PS faz pisca à esquerda contra o conceito de “arco da governação”, mas continua instalado no “arco da política de direita”, com o objectivo da maioria absoluta. A vida demonstra que o “discurso de esquerda” do PS não traduz qualquer vontade de ruptura, mas apenas o objectivo de enganar os eleitores, diminuir o PCP e abrir caminho a uma alternância que continue a política de direita.
Por isso, o grande capital já escolheu o PS, com a sua actual direcção, convencido que por aí passará a política de direita do próximo governo.
E também por isso, a dimensão e gravidade dos problemas do país exigem, não um ainda maior domínio do capital monopolista, servido pelo PSD ou pelo PS, com a muleta do CDS, mas sim a ruptura com a política de crise e a concretização de uma alternativa, vinculada aos valores de Abril.
Não há mistificação que possa iludir a urgência do caminho que propomos ao país, de ruptura com os eixos da política de direita, com o agravamento da exploração, com os constrangimentos da UE e com o seu objectivo de usurpação da soberania.
Neste caminho, é decisivo o alargamento da base social e política de apoio a uma alternativa, em vez da encenação de falsos diálogos e de formas fantasiosas de continuar a política de direita. É mais que tempo de cada um assumir como vai concretizar a ruptura necessária. Aí se decide a fronteira entre alternativa e alternância.
Romper com a política de direita e fazer emergir uma alternativa é uma legítima aspiração dos trabalhadores e do povo, dos democratas e patriotas que não aceitam o rumo de desastre do país.
E é esse o objectivo do PCP - necessário e possível, indispensável e inadiável.
A política patriótica e de esquerda, não sendo possível sem o PCP, e muito menos contra o PCP, não depende apenas do nosso Partido. É indissociável da luta dos trabalhadores e do povo, do alargamento da convergência de sectores e forças sociais, de democratas e patriotas, e é impossível sem o reforço do PCP e da sua influência e sem o avanço eleitoral da CDU.
Nestes anos de grandes combates foram dados passos significativos na elevação da consciência social e política de largas camadas da população, importa agora fazer repercutir esta evolução nas eleições legislativas, que assumem uma grande importância, no quadro da intervenção e da luta mais geral pela ruptura com a política de direita e pela concretização de uma política alternativa.
O PCP vai apresentar-se às eleições legislativas como o Partido dos trabalhadores, da unidade e da convergência democrática, da verdade e do respeito pela palavra dada, da honestidade e seriedade, que se diferencia dos “todos iguais”; o Partido do combate à politica de direita e portador de soluções para o país; o Partido que nunca faltará a uma política patriótica e de esquerda e que dá garantias que os votos que lhe forem confiados não serão alienados para prosseguir a politica de direita.
Os comunistas e os activistas da CDU irão construir uma campanha eleitoral de grande mobilização e confiança, de acção e esclarecimento directo, frontal porque falamos verdade e essa é uma força inestimável, capaz de vencer resignações e contribuir para esclarecer mistificções e manobras, que visam apenas perpetuar esta política.
Uma campanha de dimensão nacional, que intervenha nos sectores sociais prioritários e se apoie nas lutas e aspirações populares, que esclareça as causas da situação que atinge o país e a vida de milhões de portugueses, que potencie a intervenção consequente do PCP e da CDU, que desfaça de vez as confusões sobre a forma de votar na Coligação Democrática Unitária, PCP-PEV.
Uma campanha audaz, que envolva milhares de jovens, mulheres e jovens sem partido, milhares de democratas e patriotas que reconhecem na CDU trabalho, honestidade e competência e sabem que o reforço do PCP e do PEV é decisivo para uma política alternativa.
Uma campanha que afirme, com confiança, que está nas mãos dos trabalhadores e do povo, com a sua acção, a sua luta e o seu voto tornar possível uma nova política e um novo rumo para Portugal.
A nossa intervenção eleitoral, vai desenvolver-se a partir de Março – na construção do Programa Eleitoral do PCP; nas iniciativas concelhias que projectem a intervenção de eleitos e activistas CDU na construção de soluções para o país; na recolha de apoios à CDU; no aniversário do Partido; nas acões do 25 de Abril; na distribuição de dois folhetos nacionais e no esclarecimento em massa, ouvindo os trabalhadores e o povo e ampliando a intervenção e o voto na CDU.
É indispensável programar agora e decidir rapidamente, de forma integrada, todo este vasto conjunto de linhas de trabalho e iniciativas, desde logo para um primeiro período da nossa intervenção eleitoral, que durará até Junho, e mais tarde para o período do verão e para a campanha eleitoral propriamente dita. Isto é indispensável para a construção de um bom resultado eleitoral da CDU.
Está por saber a data das eleições, o que coloca mais dificuldades – por hipótese, sair da Festa do Avante para a campanha eleitoral – e exige grande tensão de esforços e de direcção aos quadros do Partido e do PEV e aos amigos da CDU.
Não temos os meios e instrumentos de outros, não temos o apoio do capital que decide no universo mediático, mas temos a força de quem fala verdade, a força das nossas convicções e da intervenção organizada - a força do povo por um Portugal com futuro.
O Partido estará pronto para a batalha eleitoral, está e estará pronto para assumir todas as responsabilidades que o povo português decida atribuir-lhe na luta pela ruptura com a política de direita, na construção de uma alternativa patriótica e de esquerda, ou no Governo do País.
Vamos ao trabalho.
Viva o Encontro Nacional do PCP.
Viva a Coligação Democrática Unitária, PCP-PEV
Viva o Partido Comunista Português