Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado António Braga,
Em primeiro lugar, quero, naturalmente, cumprimentar o Partido Socialista pelo resultado que obteve nas eleições açorianas e por ter sido reconduzido à frente do Governo Regional dos Açores, não sem dizer que o Partido Socialista, neste seu resultado, beneficiou de dois fatores fundamentais.
Um deles — e isso tem de ser dito — foi a instrumentalização, ao longo de vários anos, do aparelho de Estado regional, que contribuiu, obviamente, para este resultado.
Mas beneficiou também — e sobre isso também não há duas opiniões — do enorme desgaste da maioria PSD/CDS, por via da governação que têm vindo a impor na República, o que, obviamente, também não deixa de ser sentido nas regiões autónomas, particularmente na Região Autónoma dos Açores. E o que é também significativo deste resultado é que ambos os partidos da coligação governamental sofreram esse desgaste, porque também fica evidente para o CDS que não é possível passar pelos intervalos da chuva sem se molhar e que os portugueses também o responsabilizam pela governação de que é parte integrante.
Mas, Sr. Deputado António Braga, na sua intervenção houve uma outra componente de crítica ao Governo relativamente a vários aspetos da sua política e também à proposta de Orçamento do Estado que acaba de ser apresentada. E no que se refere à crítica que os senhores queiram fazer ao Governo, eu diria que nunca a voz vos doa! Mas a questão que também temos de colocar aqui é a de saber, afinal, o que é que o Partido Socialista critica, fundamentalmente, na política do Governo e, sobretudo, o que faria de diferente.
A ideia com que ficamos é a de que o Partido Socialista critica o Governo não pelo remédio ou pela terapêutica, mas pela dose. Ou seja, os senhores consideram que o Memorando da troica está muito bem e que tem de ser cumprido, mas depois consideram que não deve ser assim, como o Governo está a fazer. Dá a ideia de que querem «os senhores tomam o remédio, mas em vez de o tomarem a todas as refeições, tomam-no só ao almoço e ao jantar e deixam de o tomar ao pequeno-almoço»!
Gostaríamos, pois, de saber, fundamentalmente, o que é que o Partido Socialista considera que deve ser feito de diferente.
Faço uma última referência: Sr. Deputado António Braga, um dos aspetos em que critico o atual Governo — e acho que a crítica também é justa — tem que ver com o facto de o Governo não se impor, não falar na Europa. Mas nós lembramos que, ainda muito recentemente, o Secretário-Geral do Partido Socialista foi a Paris falar com o Sr. François Hollande, mas depois não nos disse nada sobre o que lhe disse o Sr. Hollande e que compromissos é que ele assumiu relativamente a Portugal. O que sabemos…
O que sabemos é que, nesse mesmo dia, o Sr. Hollande mandou aprovar, na Assembleia Nacional francesa, o pacto orçamental que ele, na campanha eleitoral, prometeu solenemente que não iria subscrever.
Era esta a última questão que gostaria de lhe colocar, Sr. Deputado.
Muito obrigado pela tolerância, Sr.ª Presidente.