Pergunta ao Governo N.º 1075/XII/1

Destruição do caminho da Meia Praia Lagos, Algarve

Destruição do caminho da Meia Praia Lagos, Algarve

Desde tempos imemoriais que um caminho de terra batida, conhecido como caminho da Meia
Praia, liga, ao longo da orla costeira, o Vale da Lama a Lagos.
Nos anos vinte do século passado, a linha de caminho-de-ferro (ramal de Lagos) foi construída,
também junto à orla costeira, alguns metros a norte do caminho da Meia Praia.
Em 1978, a empresa Palmares construiu, na zona a nascente do apeadeiro da Meia Praia, um
campo de golfe, obrigando a que o caminho da Meia Praia fosse desviado para norte do
caminho-de-ferro. Apesar disto, o caminho da Meia Praia continuou a poder ser utilizado por
veículos automóveis que se deslocavam no percurso Vale da Lama – Lagos. Mais tarde, este
troço do caminho da Meia Praia, situado a norte do caminho-de-ferro, foi alcatroado pela
Câmara Municipal de Lagos, melhorando as condições de circulação.
Mais recentemente, a mesma empresa Palmares, durante obras de reconfiguração do campo de
golfe, removeu terras num pequeno troço do caminho da Meia Praia, tornando-o intransitável.
Para poderem circular no caminho da Meia Praia, os peões e os automobilistas passaram a ter
que fazer um pequeno desvio pelo areal da Ria de Alvor, desvio esse que só podia ser usado
durante a maré baixa.
Há dois anos, a empresa Palmares tornou a fazer obras naquela zona, construindo uma
passagem por baixo do caminho-de-ferro, para ser utilizada pelos carrinhos de golfe. Esta obra
foi feita exactamente sobre o caminho da Meia Praia. Para impedir que os automobilistas
pudessem contornar o obstáculo e continuar a circular no caminho da Meia Praia, a empresa
Palmares colocou grandes blocos de pedra a obstruir o caminho. Mais a poente, a mesma
empresa obstruiu o caminho da Meia Praia, na zona do Bairro 25 de Abril, também com
enormes blocos de pedra.
Na sequência destas acções da empresa Palmares, os habitantes locais e os visitantes, para se
deslocarem de automóvel do Vale da Lama para Lagos, têm que fazer um grande desvio, por
Odiáxere. Além disso, o acesso à Meia Praia, em frente ao empreendimento turístico da
Palmares, encontra-se bastante dificultado, tendo os automóveis que ser deixados na zona do
Vale da Lama, a nascente, ou perto do Bairro 25 de Abril, a poente. Refira-se que a empresa
Palmares começou a chamar àquela zona da Meia Praia, praia da Palmares, assumindo assim a
“tomada de posse” daquele pedaço da orla costeira.
Todo este processo mostra o profundo desrespeito da empresa Palmares para com as
populações locais e uma inaceitável subordinação do interesse público ao interesse privado.
Não é admissível que a empresa Palmares estenda o seu empreendimento turístico até
escassos metros da praia, destruindo o caminho da Meia Praia e limitando, deste modo, o
acesso das populações locais e de visitantes a essa mesma praia, além de impedir a
deslocação de automóvel do Vale da Lama até Lagos.
Pelo exposto e com base nos termos regimentais aplicáveis, venho por este meio perguntar ao
Governo, através do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do
Território, o seguinte:
1. Tem o Governo conhecimento desta situação?
2.Considera o Governo aceitável que para servir os interesses de uma empresa privada, a
população local se veja privada de um caminho, o caminho da Meia Praia, que utiliza desde
tempos imemoriais?
3.Que medidas pretende o Governo tomar para que o caminho da Meia Praia seja
reconstruído, permitindo a circulação de automóveis do Vale de Lama até Lagos?

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