Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Fernando Negrão,
De facto, quem ouve hoje a declaração política do PSD e quem ouvia as declarações políticas do PSD há uns meses notará alguma diferença. Notará, sobretudo, uma diferença de atitude e de postura que foi imposta pela contestação e pela luta que o povo português tem travado contra este Governo e esta maioria. E é bom, Sr. Deputado Fernando Negrão, que o PSD e o CDS tenham em conta a luta e a contestação dos portugueses, daqueles a quem se dirigem as políticas que os senhores apoiam nesta Assembleia da República; é bom que vão tendo em conta essa luta, essa reação e esse protesto que vão sendo desenvolvidos por aqueles que são as vítimas, os verdadeiros alvos das vossas políticas.
O Sr. Deputado Fernando Negrão, ainda assim, fez da tribuna uma tentativa de envergonhada justificação das políticas do Governo.
Sr. Deputado, a minha questão é no sentido de saber se V. Ex.ª consegue reconhecer que esse tipo de discurso é o paradigma do discurso que os portugueses hoje cobram àqueles que nos governam e àqueles que apoiam este Governo.
O Sr. Deputado falou da tribuna de responsabilidade. Perguntamos que responsabilidade está esta maioria disposta a assumir pelo buraco em que está a enfiar o País, pelo buraco em que está a enfiar a vida dos portugueses.
O Sr. Deputado falou da tribuna de justiça e de equidade. Perguntamos, Sr. Deputado, onde é que estão a justiça e a equidade nas medidas de um Governo que tudo exige e tudo tenta saquear a quem trabalha, mantendo parcerias público-privadas milionárias, mantendo o esbulho com o pagamento dos juros de uma dívida ilegítima, mantendo e dando cobertura ao saque de recursos públicos, de dinheiro de todos os portugueses, a coberto de negócios feitos por privados à custa do Orçamento do Estado.
Onde está o sentimento de justiça e de equidade cada vez que apoiam nesta Assembleia da República as medidas deste Governo? Onde está, Sr. Deputado?
Quando, da tribuna, fala de populismo, pergunto-lhe onde estava o Sr. Deputado na noite em que o Sr. Primeiro-Ministro anunciou as medidas relacionadas com a TSU e o Sr. Ministro das Finanças anunciou posteriormente as restantes medidas que o seu Governo se prepara para levar por diante, o saque ao povo português.
Sr. Deputado Fernando Negrão, Sr.as e Srs. Deputados do PSD, o recuo que o Governo foi obrigado a fazer em relação à TSU não resulta de mais nada a não ser da luta que o povo português travou contra essas medidas.
E podem os senhores estar convencidos de uma coisa: se estão à espera de encobrir todas as outras medidas que estão em preparação devido a esse recuo quanto à TSU, vão encontrar na Assembleia da República, e fora dela, o PCP a desmascarar essa manobra.
Se estão à espera de com esse recuo justificarem todas as outras medidas injustas e iníquas que não distribuem por todos os sacrifícios, ainda por cima responsabilizando pela crise do capital quem não é responsável por ela, encontrarão nesta Assembleia da República, e fora dela, a luta do Partido Comunista Português, do povo e dos trabalhadores deste País.
A questão que se coloca é se vão ou não mudar de políticas.