Os eleitos têm o direito a falar na sua língua, os portugueses têm o direito a entender o que dizem os seus representantes
Deputados do PCP no Parlamento Europeu manifestam-se em defesa do multilinguismo e da valorização da Língua Portuguesa
Na última reunião da Comissão dos Transportes e Turismo do Parlamento Europeu, o deputado João Ferreira manifestou a sua preocupação face à reiterada ausência de interpretação de/para português, nesta como noutras reuniões oficiais do Parlamento.
Face a isso, após um reparo inicial, onde chamou a atenção para a necessidade de assegurar um efectivo respeito pelo princípio do multilinguismo no funcionamento regular do Parlamento Europeu, o deputado decidiu prosseguir a sua intervenção em português, vincando assim a sua posição de defesa da Língua Portuguesa nesta instituição(disponibilizamos o link de acesso ao vídeo da intervenção).
Entretanto, os deputados do PCP no Parlamento Europeu estão a dinamizar uma carta dirigida ao Presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli,que anexamos, aberta à subscrição de outros deputados, manifestando a sua preocupação e apelando a que rapidamente se assegure um efectivo respeito pelo princípio do multilinguismo.
A defesa da Língua Portuguesa e o respeito pela sua utilização são parte integrante da luta mais geral em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo português,que pauta a intervenção dos deputados do PCP no Parlamento Europeu.
CARTA
Exmo. Senhor Presidente do Parlamento Europeu,Caro David Sassoli,
Desde Março, momento em que o surto de COVID-19 se intensificou na Europa, o funcionamento do Parlamento Europeu(PE)alterou-se drasticamente, devido às medidas sanitárias aplicadas.
Compreendemos a inevitabilidade do plano de contingência, tendo em conta a necessidade de impedir o contágio e a propagação do vírus e de proteger a saúde e a vida das pessoas.
Seis meses passados, o funcionamento do PE está paulatinamente a normalizar. Entretanto, serviços há cuja indisponibilidade prejudica seriamente o trabalho parlamentar, designadamente o serviço de interpretação. A União Europeia(UE)tem 24 línguas oficiais e todas merecem o mesmo respeito e tratamento.
Reconhecemos que o número de línguas disponíveis nas salas de reunião das comissões tem vindo a aumentar mas, ainda assim, mais de metade das línguas continuam a não ter interpretação. O multilinguismo é um direito consagrado nos Tratados quepermite que os deputados se expressem na sua própria língua.
Ora, isso não está a acontecer e preocupa-nos que a situação se prolongue, até tendo em consideração o fluxo de trabalho esperado nas comissões depois destes seis meses atípicos.
Nesse sentido, apelamos, uma vez mais,ao Presidente do Parlamento Europeu para a aplicação da letra e do espírito do princípio do multilinguismo, encontrando soluções que respeitem esse princípio e que permitam o uso de qualquer uma das 24 línguas oficiais da União Europeia.
A expressão de cada deputado na sua própria língua é uma prioridade para que possa haver condições de exercer plenamente o mandato para o qual foi eleit oe uma condição de respeito pelos cidadãos que o elegem.
Cordialmente,
João Ferreira,
Sandra Pereira