Pergunta Escrita à Comissão Europeia de João Ferreira no Parlamento Europeu

Degradação da qualidade dos serviços públicos

Numa reunião recente com diversas comissões de utentes dos serviços públicos do distrito de Évora, em Portugal, foram-me transmitidas pelas populações de diversos concelhos – Évora, Arraiolos, Montemor-o-Novo e Vendas Novas – preocupações diversas quanto à degradação da qualidade dos serviços públicos, em especial nas áreas da saúde, educação, transportes, serviços postais, abastecimento e saneamento de água.

Esta situação é especialmente grave porquanto coincide com o agravamento da situação económica e social, com o desemprego, com cortes nas prestações sociais, com o congelamento de salários e pensões e com o aumento de impostos – que, no seu conjunto, determinam uma notória degradação da qualidade de vida e o alastramento das bolsas de pobreza e de exclusão social. Os pequenos municípios do interior do país têm sido particularmente afectados por esta realidade.

Numa altura em que se impunha a adopção de medidas que tenham em conta os interesses das populações, corrigindo as assimetrias regionais e promovendo as potencialidades endógenas das regiões do interior – no que caberia aos serviços públicos e ao investimento público um papel determinante – aquilo a que assistimos é à tentativa de imposição por parte da União Europeia, independentemente da situação específica de cada país, do retomar das regras rígidas e injustificadas do chamado pacto de estabilidade e crescimento. Assim, pergunto à Comissão:

1. Não considera que os serviços públicos, numa situação de profunda crise económica e social como a que vivemos, desempenham um papel fundamental no combate à pobreza e à exclusão social, garantindo o acesso das populações a um conjunto de serviços básicos?

2. Que medidas vão ser tomadas, ao nível da UE, para apoiar e salvaguardar a existência destes serviços públicos – particularmente nas áreas da saúde, educação, transportes, serviços postais, abastecimento e saneamento de água?

3. Não considera socialmente injusto que sejam os trabalhadores e as populações, em especial das regiões do interior, a suportar os custos de uma crise para a qual não contribuíram? Nesse caso, qual o sentido das medidas anti-sociais que têm vindo a ser impostas pela UE?

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