Sr.ª Presidente,
Sr.ª Deputada Cecília Honório,
Quero, em primeiro lugar, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, saudar a sua intervenção, nomeadamente os temas que aborda.
Sobre as últimas questões que aqui colocou, relativamente à igualdade entre homens e mulheres, tendo também em conta o dia que hoje se assinala, já a minha camarada Rita Rato deixou aqui algumas notas, pelo que apenas diria, no contexto da sua intervenção, que se, por um lado, é real o aprofundamento das desigualdades, esse aprofundamento deve-se também ao atual contexto que atravessamos e às políticas que estão a ser levadas a cabo. Ou seja, a desigualdade entre homens e mulheres tenderá a agravar-se na medida em que a riqueza tenda a ser concentrada.
Daqui partimos também para os restantes assuntos que a sua declaração política nos trouxe, nomeadamente sobre as medidas chamadas «de austeridade», o pretexto da crise, o pacto de agressão, assinado pelo PS, pelo PSD e pelo CDS com as instituições estrangeiras, e as medidas aí contidas.
Sr.ª Deputada, sobre esses assuntos da sua intervenção, quero deixar-lhe duas questões. Por um lado, pergunto-lhe se não considera que o simples facto de agora se transformarem em permanentes medidas que foram anunciadas como transitórias para resolver um problema é, em si mesmo, a comprovação de que o pacto falhou nos objetivos anunciados, cumprindo outros objetivos, talvez mais obscuros, mas que, na verdade, estão a fazer o seu caminho, nomeadamente o da concentração da riqueza, como, aliás, também já foi referido no debate de hoje.
Por outro lado, pergunto-lhe se não confirma também aquilo que o PCP vinha dizendo desde o início, ou seja, que este é um pacto de reconfiguração do Estado, um pacto que visa recolocar o Estado ao serviço dos grandes grupos económicos, dos interesses dos monopólios, do aumento da exploração — e não de forma transitória, não para um ajustamento para um posterior crescimento e para uma redistribuição justa da riqueza, mas precisamente para garantir aos grandes grupos económicos que, após este pacto, tudo para eles será melhor, maior será a exploração, aumentando a capacidade de exploração sobre os trabalhadores portugueses e diminuindo os direitos dos trabalhadores. A não ser, claro, que seja derrotado este Governo, que seja derrotado este rumo político da direita que nos trouxe até aqui, pelas mãos do PS, do PSD e do CDS, e que seja construída uma alternativa política patriótica e de esquerda.