A resolução “Reconstrução sustentável e integração da Ucrânia na comunidade euro-atlântica”, apesar do eufemismo subjacente ao seu título, insere-se na política de confrontação e guerra, à semelhança de outras resoluções do Parlamento Europeu.
A resolução:
- Omite as causas do conflito – como o continuo alargamento da NATO –, assim como responsáveis pelo seu agravamento – como os EUA, a NATO ou a UE;
- Escamoteia o carácter antidemocrático do poder instituído em Kiev com o golpe de Estado de 2014; um poder promovido e sustentado por forças xenófobas e de cariz fascista, incluindo abertamente nazis, que afronta liberdades, direitos e garantias e é responsável pela violência contra populações;
- Reproduz a campanha de propaganda de guerra e insiste na instigação, no prolongamento e no agravamento do conflito, com todas as suas graves consequências e, particularmente, à custa do povo ucraniano;
- Insiste na política de ingerência que está na origem do exacerbar de divisões e da violência fascista que levou ao desencadear da guerra há nove anos na Ucrânia;
- Insiste na política de sanções, que tão nefastas consequências têm para os povos, e no seu ilegítimo, ilegal e pretenso carácter ‘extra-territorial’ face a países que recusam alinhar com a política de confrontação e guerra;
Sublinhe-se igualmente que constitui um contrassenso falar da reconstrução da Ucrânia e, ao mesmo tempo, rejeitar as iniciativas que visam abrir vias de diálogo com vista à paz e continuar a promover a política de guerra que está na origem da destruição.
Como não pode deixar de ser sublinhada a cínica atitude daqueles que ao mesmo tempo que lucram com o negócio da guerra e das sanções, se lançam desde já no lucrativo negócio da reconstrução, procurando ditar regras à medida das suas ambições.
Grandes interesses económicos que olham para a reconstrução como uma oportunidade de negócio perante um país endividado e desprovido de efectiva soberania. Vejam-se as pressões há muito exercidas para a privatização e entrega ao domínio estrangeiro de terras férteis da Ucrânia.
Ao contrário do que esta resolução pretende, o que urge é abrir vias de negociação entre os intervenientes, olhando às causas do conflito, visando alcançar uma solução política que assegure a paz, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.
Os povos querem e precisam de paz e cooperação, não da continuação da política que incita à confrontação e à guerra.