É importante que o PE se pronuncie sobre o futuro da indústria de biotecnologia, não só porque será uma indústria de ponta no futuro, mas, sobretudo, pelas questões éticas e sócio-económicas que levanta, como, por exemplo, no caso das OGM, da genética e dos medicamentos.

Infelizmente, o relatório do PE, elaborado pelo Deputado Purvis, não aborda estas questões, dando voz de uma forma parcial e perigosa a todos os interesses das grandes multinacionais do sector. Envereda por uma lógica de liberalização e generalização de uso de produtos, em nome de boas causas, dos quais se desconhece as consequências cabais para o meio ambiente e para a saúde humana, para além de suscitar questões éticas profundas, como as modificações genéticas, a patenteação da vida e do meio natural, que é um património de todos nós.

A lógica da rentabilização e do lucro, sem avaliação, leva a indústria, para compensar os elevados custos de investigação, a querer pôr no mercado produtos de que não está garantida a segurança e que, por outro lado, geram a dependência económica dos seus utilizadores, como acontece na agricultura com os OGM.

Por outro lado, ao nível dos medicamentos e da sua patenteação, cria-se uma exclusão dos países em vias de desenvolvimento e das camadas mais pobres da população como, inadmissivelmente, está a acontecer com a actuação de multinacionais no Brasil e na África do Sul.

Por isso, rejeitamos este relatório. Esta é uma das áreas cuja investigação devia estar sob o domínio público e não gerida por interesses privados, dado ser necessário garantir a equidade dos benefícios e a necessária avaliação do risco.