Intervenção de

Declaração da Comissão Europeia sobre o sector têxtil - Intervenção de Pedro Guerreiro no PE

Esperava-se algo de novo da Comissão Europeia.

Esperava-se a
apresentação de medidas concretas, com meios adequados e urgentes que
concretizassem importantes propostas inscritas na resolução do
Parlamento Europeu de 6 de Setembro.

No entanto, o que ouvimos foi mais do mesmo. Foi a tentativa de justificar o injustificável.

Recordemos:

- A 1 de Janeiro, com a liberalização do sector do têxtil e do
vestuário, verificou-se um aumento exponencial das importações para a
UE; - Alertada para as graves consequências económico-sociais - por
exemplo, para Portugal -, que daqui adviriam e para a necessidade da
rápida activação das cláusulas de salvaguarda previstas nos acordos
comerciais, a Comissão Europeia, presidida por Durão Barroso, só a 6 de
Abril é que regulamenta a aplicação destas cláusulas, mas minimizando o
impacto da sua implementação; - Posteriormente, só a 17 de Maio é que
inicia "consultas" e relativamente a apenas duas categorias de produtos
têxteis; - Para a 10 de Junho apresentar um acordo que, para além de
abdicar da utilização das cláusulas de salvaguarda, estava
«armadilhado», uma vez mais, pela ausência de regulamentação para a sua
aplicação, só entrando em vigor a 20 de Julho. Período que foi
utilizado pelas grandes multinacionais europeias da importação e da
distribuição para colocar em causa os limites às importações acordados
em Junho. - Em Setembro, a Comissão, fazendo eco dos interesses das
grandes multinacionais, coloca em causa, desta vez rapidamente, o que
anteriormente tinha ela mesma estabelecido, forçando a entrada de
milhões de artigos têxteis e de vestuário.

Moral da história:

- Quem está realmente a ganhar com a liberalização do comércio do
têxtil e vestuário são os grandes importadores e distribuidores, que
aumentam para níveis cada vez mais desmesurados as suas margens de
lucro; - Quem perde é a produção têxtil na Europa, são os trabalhadores
e milhares de micro, pequenas e médias empresas.

  • Economia e Aparelho Produtivo
  • Intervenções
  • Parlamento Europeu