Jerónimo de Sousa participou, no dia 4, num encontro de quadros da Organização Regional do Porto preparatório do XX Congresso do PCP. O Secretário-geral do Partido estará presente em iniciativas semelhantes em Lisboa, Beja e Setúbal.
No dia 4, o Centro de Trabalho do PCP na Avenida da Boavista, no Porto, encheu-se de militantes que ali se deslocaram para participar no Encontro Regional de Quadros para discussão das Teses ao XX Congresso do PCP, que se realiza em Almada em Dezembro próximo. À enorme afluência a estas iniciativas, habituais em vésperas de congresso e por si só mobilizadoras quanto baste, acresceu, certamente, a coincidência da data – véspera do feriado de 5 de Outubro, dia da Implantação da República Portuguesa, que tinha sido roubado aos portugueses pelo governo PSD/CDS e que foi entretanto recuperado dada a nova conjuntura política.
Como ali se ouviria por diversas vezes, tal nova situação política nacional só foi possível pela resistência e luta dos trabalhadores e do povo durante os últimos quatro anos, na qual os comunistas tiveram papel destacado e crucial. Esta luta teve nas eleições de 4 de Outubro de 2015 – ou seja, precisamente um ano antes do Encontro de Quadros – e no seu resultado um momento decisivo, com o PSD e o CDS a sofrerem a maior derrota eleitoral de sempre.
Coube ao Secretário-geral do Partido, Jerónimo de Sousa, intervir na abertura e no encerramento da iniciativa. Sublinhando a importância daquele momento de debate das Teses a apresentar ao Congresso, o dirigente comunista afirmou que «o que hoje é projecto, será obra do colectivo partidário», traduzindo-se então no «reforço da unidade e coesão» do PCP.
Na sua primeira intervenção, Jerónimo de Sousa pretendeu fazer, «não uma síntese das Teses», mas a expressão de «alguns sublinhados» dos seus pontos mais marcantes, como o são a situação internacional e a crise em que se encontra afundado o capitalismo, traduzindo-se na intensificação da agressão aos povos, com ingerências e intervenções militares, levando a guerra, a miséria e a fome a diversas regiões do planeta. Por outro lado, referiu-se – valorizando – à resposta dada pelos trabalhadores e os povos a esta ofensiva, com a sua resistência e luta, bem como às posições dos países que «afirmam como orientação e objectivo o socialismo» e que contribuem decisivamente para a «contenção dos objectivos de domínio mundial por parte do imperialismo».
Ainda na introdução ao debate, o Secretário-geral do PCP falou da presente situação política nacional e, citando as Teses, realçou que ela não se traduziu na «formação de um governo de esquerda», nem sequer na «existência de uma maioria de esquerda na Assembleia da República». Existe, sim, uma relação de forças «em que o PCP e o PEV condicionam decisões e são determinantes e indispensáveis à reposição de direitos e rendimentos», disse, sublinhando ainda que o PCP não é «força de suporte ao governo por via de qualquer acordo parlamentar», mantendo-se inabalável o compromisso do Partido «com os direitos e interesses dos trabalhadores».
Teoria e prática
Vários foram os militantes que intervieram nesta iniciativa, apresentando contributos relativos à vida do Partido e às tarefas que se colocam ao colectivo partidário num futuro próximo. O reforço da organização; a importância da participação organizada dos militantes comunistas em estruturas e movimentos unitários; a formação, renovação e rejuvenescimento dos quadros partidários; a importância de assegurar a independência financeira do Partido como elemento imprescindível para manter a sua natureza de classe e princípios definidores; a luta dos trabalhadores e o combate à precariedade foram algumas das questões mais sublinhadas.
Particular importância foi também dada, nas intervenções, à situação política actual do País, sobretudo para clarificar o que Jerónimo de Sousa chamaria de «deturpações, ilusões e confusões, mas também as contradições e complexidade» que a presente situação comporta.
Na sua intervenção final, o Secretário-geral do Partido apelou à contribuição dos militantes para a construção das Teses que, lembrou, «não são um trabalho acabado». Realçou ainda a importância de combater o atentismo e de continuar e intensificar a luta dos trabalhadores e do povo, pois a «força que o PCP tiver» é directamente proporcional à capacidade «de encontrar soluções», inclusive no plano da nova solução política.
O dirigente comunista referiu-se ainda à influência dos órgãos de comunicação social que, generalizadamente, procuram impedir a «evolução da consciência social», e, inevitavelmente, da «consciência política». A este propósito, o Secretário-geral do PCP realçou a importância da formação e estudo, por parte dos militantes comunistas, da base teórica do PCP e das diversas contribuições nas obras elaboradas ao longo dos tempos, designadamente as de Álvaro Cunhal. Afirmou também que é de igual importância que, «municiados por essa teoria», os comunistas passem «à prática», aplicando as orientações e desenvolvendo a actividade do Partido onde estão os trabalhadores e o povo, «percebendo os seus anseios e aspirações» e construindo a luta a partir das questões concretas.
Publicado no Jornal Avante!