Os patrões portugueses e os partidos políticos que os representam, nunca aceitaram os avanços sociais e laborais, os avanços democráticos alcançados com a Revolução do 25 de Abril de 1974.
Sempre consideraram os direitos laborais inscritos na legislação ordinária e nos contratos colectivos de trabalho, negociados com os sindicatos da CGTP/IN, e o direito constitucional da negociação colectiva, a actividade sindical fora ou dentro das empresas, sempre consideraram tudo isto, heresias de que deviam libertar-se mal a correlação de forças o permitisse.
Com a politica de direita posta em prática pelos diferentes governos do PSD e do CDS, com a cumplicidade e contributo do PS e dos vários presidentes da republica, foi-se mutilando a constituição, abriu-se o caminho às privatizações e à recuperação dos grupos económicos que foram sustentáculo do regime fascista, foi alterada para pior a legislação laboral, foi-se alargando a precarização dos vínculos laborais, inicialmente para os mais jovens, mas rapidamente a foram alargando a todos os trabalhadores.
Paralelamente, a integração europeia, aprofundou a destruição da nossa indústria, do nosso aparelho e da nossa capacidade produtiva, aumentando a dependência externa e fazendo disparar, de forma brutal, o desemprego.
Assim se criaram as melhores condições para o aprofundamento da exploração dos trabalhadores, utilizando a chantagem do desemprego e acenando com o exercito de mão-de-obra disponível, no desemprego.
A “crise” financeira de 2007/2008, o papel das agências de rating, o desvio de milhares de milhões de euros para o sector financeiro foram o argumento que faltava para cavalgarem sobre os trabalhadores.
Foram desenvolvidas (e continuam) campanhas brutais contra os trabalhadores, “denunciando” privilégios como o de ter emprego, ter contrato permanente, ser funcionário público, tentando virar trabalhadores contra trabalhadores, empregados contra desempregados, precários contra não precários, trabalhadores do sector privado contra trabalhadores do sector público, novos contra velhos, enfim, uma campanha de culpabilização dos trabalhadores por terem gasto acima das suas possibilidades e, assim, de forma desgovernada, terem empurrado o país para uma situação difícil.
Em 2010, variadíssimos apoios sociais foram retirados a milhões de portugueses, designadamente na área da saúde, ensino e protecção social, como, por exemplo, o abono de família que foi roubado a mais de 300 mil crianças deste país! Foram colocadas mais dificuldades no acesso ao subsídio de desemprego! Foram aumentados os impostos, nomeadamente o IVA e o IRS! Em 2011 foram reduzidos os salários dos trabalhadores da Administração publica! Foram congeladas as pensões de reforma! Um número muito significativo de trabalhadores do sector privado não teve aumentos salariais! O patronato sente as costas seguras e recusa-se a negociar com os sindicatos!
A resposta dos trabalhadores tem sido forte apesar dos medos, das chantagens e das pressões!
Fizemos Greve Geral em 24 de Novembro de 2010, fizemos Manifestações Nacionais e Regionais, como a de 19 de Março em Lisboa e as de 19 de Maio e de 1 de Outubro no Porto.
Com o actual governo, a ofensiva é já de uma violência nunca vista.
E vêem nos trabalhadores, nos reformados, nos que menos têm e podem, os únicos a quem querem obrigar a pagar com língua de palmo os erros, os roubos e as vigarices que outros fizeram.
Querem continuar a cortar nos salários, roubar os subsídios de férias e de natal, roubar nas pensões de reforma, reduzir nas prestações e apoios sociais, privatizar serviços públicos prestados pelo estado (na saúde, na educação, na segurança social), continuar a aumentar os impostos, designadamente nos bens de primeira necessidade!
No trabalho, querem transformar as empresas em autênticos campos de concentração, onde os patrões querem, podem e mandam, sem que os trabalhadores possam discutir os problemas laborais, e onde todos serão descartáveis a todo o momento.
Por isso querem despedir livremente, impor regras nos salários, nos horários de trabalho, não pagar o trabalho extraordinário, aumentar em meia hora por dia e duas e meia por semana os horários de trabalho, sem aumento do salário.
É inaceitável que se queira aumentar a exploração dos trabalhadores e o empobrecimento generalizado do nosso povo para pagar os erros dos outros!
Não é possível resolver os problemas do país sem o mínimo respeito pelos únicos que produzem riqueza, os trabalhadores. Não é possível resolver os problemas do país, enveredar por um caminho de desenvolvimento sustentado, governando contra os trabalhadores. Não é possível resolver os problemas do país, salvaguardar a sua independência sem investimento, sem investimento na produção que limite as importações e ajude a aumentar as exportações. Não é possível resolver os problemas do país empobrecendo-o cada vez mais.
É difícil de aceitar que o que é mau para os outros povos, estados ou nações, seja bom para os portugueses e para Portugal.
Os trabalhadores portugueses não têm por onde escolher. Só a luta organizada travará e inverterá este rumo suicida para o qual nos estão a empurrar.
Só pela luta conseguiremos recolocar Portugal nos caminhos que Abril abriu, correr com os governos reaccionários e anti-patriotas, o actual e os anteriores, e criar uma alternativa politica assente num governo patriótico e de esquerda.
A luta de massas é a única e a decisiva resposta a esta política de ruína nacional.
Por isso a próxima greve geral de 24 de Novembro, que queremos que seja e certamente será, um êxito que colocará a luta, que deve continuar, num patamar mais elevado.