Sr.ª Presidente,
Não sei se estarei nas melhores condições para fazer esta intervenção porque, há minutos, pareceu-me ter tido aqui lugar um déjà vu um pouco complicado ao ouvir o Sr. Deputado Pedro Marques criticar o Governo por não ser capaz de cortar na despesa e recorrer ao aumento dos impostos!
Sr.ª Presidente,
Com a licença da Mesa, queria dizer que há pouco não fui completamente justo com o Sr.
Primeiro-Ministro quando lhe disse que ele fazia lembrar o seu antecessor. E não terei sido completamente justo porque se é verdade que o Sr. Primeiro-Ministro diz agora aquilo que o governo do PS dizia, também é verdade que o PS diz agora na oposição aquilo que fazia no governo e que era o que PSD dizia quando estava na oposição e ainda não tinha chegado ao Governo. É tudo «farinha do mesmo saco», Sr.ª Presidente!
É tudo «farinha do mesmo saco»!
Sr. Ministro, queria colocar-lhe duas perguntas.
Em primeiro lugar, embora o Sr. Ministro não fosse membro do governo na altura, saberá certamente que há um ano atrás estávamos aqui a discutir também um aumento do IRS sobre os rendimentos dos trabalhadores justificado com a necessidade de corresponder ao equilíbrio das contas públicas, coisa que não aconteceu porque não houve crescimento económico — enquanto não houver crescimento económico não haverá equilíbrio das contas públicas. E os senhores agora vêm com a mesma receita: um novo saque aos salários dos trabalhadores, dizendo que isto vai servir para equilibrar as contas públicas. Ora, nós sabemos que não é isso que vai acontecer.
Mas há uma outra questão à qual o Sr. Ministro não respondeu — reconheço que algumas têm sido respondidas: onde é que vai cortar os 800 milhões de euros que o Sr. Primeiro-Ministro referiu, e que o Sr. Ministro já confirmou, que vão ser cortados na despesa pública? É preciso dizer onde vão ser cortados! É nas comparticipações? É no abono de família? É no subsídio de desemprego? É no material indispensável para o funcionamento dos hospitais? É nas escolas públicas? Onde é, Sr. Ministro? É que ninguém acredita que a esta altura, com esse anúncio, o Governo não tenha uma ideia de quais são os agregados de despesa que vão ser cortados para atingir 800 milhões de euros.
É essa resposta que o Sr. Ministro deve a esta Câmara neste momento.