Intervenção de Jorge Machado na Assembleia de República

Culpas da política de austeridade do Governo pelo aumento dos índices de pobreza no País

Sr.ª Presidente,
Srs. Deputados,
Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos,
Consideramos que o Governo PSD/CDS-PP é responsável por um gigantesco aumento da pobreza no nosso País — são 2,7 milhões de pobres e, se ancorarmos os dados da pobreza nos rendimentos de 2009, representam 25,9% da população.
Entendemos mesmo que, hoje, o Ministro Mota Soares deveria estar neste Parlamento a discutir o que são os dados da pobreza. Feliz ou infelizmente — na nossa perspetiva, infelizmente —, o PSD agendou um debate de atualidade sobre licenciamento ambiental. Para nós, o debate de atualidade seria sobre os dados da pobreza e o agravamento da pobreza no nosso País. Esse é que era o debate de atualidade que se impunha!
Mas fica marcado, então, para dia 12, o debate com o Sr. Ministro, como propôs o PCP.
Sr.ª Deputada, temos uma dúvida relativamente aos dados que analisa. Efetivamente, o Governo do PSD/CDS-PP é responsável por um agravamento de mais 30% da pobreza; PSD e CDS-PP atiram para a pobreza 629 000 pessoas no período em que são Governo, mas se juntarmos os dados de 2010, do Governo do PS, então são mais 45%, são 808 000 pessoas que foram atiradas para a pobreza.
A linha de pobreza ancorada no tempo era de 17,9% em 2009, em 2010 disparou para 19,6%, em 2011 chegou aos 21,3%, em 2012 atingiu os 24% e em 2013 alcançou os 25%. Há um aumento sistemático dos dados da pobreza.
A pergunta que queríamos colocar é no sentido de saber se a Sr.ª Deputada entende, ou não, que os PEC e a troica que o PS foi mantendo com o PSD e com o CDS-PP são, ou não, responsáveis pelo agravamento da pobreza no nosso País.
O nosso entendimento é o de que esses PEC e o Memorando de Entendimento, o pacto que o PS assinou com o PSD e o CDS-PP e com a troica foram os responsáveis das linhas de fundo que atiraram milhares de portugueses para a pobreza.
A Sr.ª Deputada diz, e é verdade, que a pobreza resulta de opções políticas. Vejamos: condição de recursos — Decreto-lei n.º 70/2010, que o PS criou e que agora está a ser usado pelo PSD e pelo CDS-PP para cortar em prestações sociais como nunca vimos no nosso País; os cortes no abono de família iniciados pelo PS; os cortes no subsídio de desemprego iniciados pelo PS e agora aproveitados pelo PSD e pelo CDS-PP para continuar a cortar a quem está desempregado; a desproteção laboral e o ataque aos direitos de quem trabalha através de revisões ao Código do Trabalho promovidas por PS, PSD e CDS-PP; o corte nos salários e nas reformas.
Sr.ª Deputada, o PS não diverge assim tanto do PSD. A Sr.ª Deputada diz que o PSD não diverge da troica, porque Passos Coelho assumiu uma posição em que o programa do PSD era semelhante ao programa da troica. Ora, o programa da troica era semelhante ao programa do PS, portanto PS, PSD e CDS-PP convergem na política de direita do nosso País. Esse é, ou não, um fator que contribui para o agravamento da pobreza do nosso País?
No nosso entendimento, é essa a principal razão para que o nosso País esteja na situação em que está.

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