Nas últimas semanas, sucedem-se os números actualizados a dar conta da recessão (na melhor das hipóteses, da estagnação) nas economias da zona Euro. As perspectivas sombrias de há uns meses atrás são agora ainda mais negras. A crise aprofunda-se de forma veloz. Neste cenário, é cada vez mais claro que os senhores desta UE estão mergulhados na mais profunda desorientação. É cada vez mais claro que as instituições da UE, e as potências que têm conduzido o processo de integração, nada mais têm a oferecer aos povos europeus que não uma profunda regressão civilizacional. A fuga em frente, o esticar de corda, é o único caminho que conhecem e que apontam.
Um caminho perigoso, porquanto se baseia tão só no aprofundamento das orientações que aqui nos conduziram. A sua incapacidade para resolver esta crise é, com efeito, estrutural.
Crise que é expressão simultânea do desenvolvimento desigual do capitalismo na UE – da interdependência assimétrica que relega países como Portugal, Grécia e Irlanda para uma inserção subordinada e dependente no processo de integração capitalista – e também da desregulação dos mercados de capitais, da financeirização da economia, que abre caminho a todas as formas de especulação (e extorsão). Crise que, por isso mesmo, não encontrará solução no quadro da persistência destes dois factores.
É impressionante como a única preocupação dos responsáveis da União Europeia se centra no "deus mercado", ou seja, nos interesses financeiros, subordinando a estes todas as suas políticas e orientações.
Por isso, aqui deixamos o mais vivo protesto e indignação contra estas políticas anti-sociais que, sistematicamente, esquecem as pessoas, indiferentes ao agravamento da divergência, das desigualdades, do desemprego, da pobreza e da exclusão social que estão a criar.
É inadmissível que se esteja a destruir aquilo a que chamavam o modelo social europeu na generalidade dos Estados-membros, se escamoteie o princípio da coesão económica e social e, inclusivamente, apareçam altos dirigentes da União Europeia a humilhar publicamente os Estados-membros e os seus povos, que estão a sofrer duramente as consequências das suas orientações neoliberais e anti-sociais.
O que será necessário para reverem as suas posições e as suas políticas?
O aumento das tensões sociais e das lutas dos trabalhadores e das populações, que desesperam com estas políticas?
É certamente o que vai acontecer, como também já está previsto em Portugal, com as manifestações da CGTP , previstas para 1 de Outubro.