Desde o primeiro momento que o PCP alertou para a existência de forças empenhadas no desenvolvimento de tensões racistas e xenófobas e em alimentar uma pretensa “guerra de civilizações” com o objectivo de agravar a tensão internacional, dar cobertura à política agressiva do imperialismo no Médio Oriente, nomeadamente no Iraque, Afeganistão e Palestina e justificar novos e perigosos actos de guerra, há muito em preparação, contra o Irão, a Síria e outros países.
Foi no quadro desta avaliação que o PCP considerou que as declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros Freitas do Amaral de 7 de Fevereiro assumiram um sentido positivo, apesar de afirmações despropositadas que obviamente não partilha. São bem vindas declarações, atitudes e iniciativas que visem travar a escalada de confronto em que forças racistas, obscurantistas e de extrema-direita estão apostadas.
É entretanto necessário tornar bem claro que aquelas declarações do M.N.E. português assim como outras posteriormente realizadas, pouco significarão se não forem acompanhadas de actos dignos de uma política externa e de defesa independente, orientada para a defesa da soberania nacional, para o desarmamento e para a paz. É necessário e urgente que o Governo Português se distancie claramente da política agressiva dos EUA e de outras grandes potências no Médio Oriente e, no respeito pela Constituição da República, levante a voz contra projectos de guerra aventureiros, nomeadamente em relação ao Irão. A decisão quanto ao prolongamento da presença militar portuguesa no Afeganistão revela entretanto a persistência numa atitude de seguidismo face à estratégia dos EUA e aos seus objectivos de dominação, que não só é contrária aos interesses nacionais, como contribui para agudizar contradições e conflitos.