Os produtores agrícolas em Portugal vivem, desde há muito, confrontados com a vulnerabilidade dos duros fenómenos e catástrofes naturais e com a imposição de uma Politica Agrícola Comum, que despreza a pequena e média agricultura, assente na promoção do agronegócio, da agricultura intensiva e superintensiva, mais dependente da utilização massiva de água, de fertilizantes e de fitofármacos. Recentemente, as consequências da politica externa promovida pela UE, sob o pretexto da guerra e das sanções, arrastam este sector - e a soberania alimentar dos povos - para a rua da amargura e não há quem lhes queira valer.
É imoral que os mesmos que, durante a pandemia, viram os seus lucros crescer à custa do sofrimento de milhares de pessoas usem agora o pretexto da guerra para satisfazer a sua gula insaciável. Sabemos bem que os fertilizantes, cujas matérias-primas têm na Rússia o principal produtor, aumentaram o preço, em alguns casos, em mais de 300%, muito antes de a guerra começar. E a guerra reforçou essa tendência de aumento dos custos de produção.
As circunstâncias actuais evidenciam bem a necessidade de mudar a lógica de produção em função do lucro para a produção em função da necessidade; de garantir o direito à alimentação saudável e adequada, em função da garantia de soberania alimentar dos Estados Membros.
É urgente questionar o modelo de produção! É urgente uma política que assegure aos pequenos e médios produtores a garantia de preços justos e compensadores.