A questão demográfica não pode ser equacionada separadamente do contexto político, económico e social vigente.
Na Europa, em especial na sua periferia, em países como Portugal, as políticas neoliberais impostas pela União Europeia levaram a uma situação de crise económica e social profunda e duradoura, com impactos na quebra da natalidade e no aumento da emigração.
A perspectiva de quebra demográfica e de envelhecimento da população que daqui resulta condiciona as perspectivas de desenvolvimento.
A questão demográfica, mesmo quando parece colocar problemas de sentido oposto, não deixa de ter um fundo comum.
É a formação económica e social dominante – o capitalismo – que deve ser posta em causa também no equacionar da questão demográfica.
Na Europa, a questão demográfica tem sido instrumentalizada para alimentar concepções racistas e xenófobas, como fica bem à vista com a crise dos refugiados e com a instrumentalização manipuladora das projeções demográficas para África.
Ainda na semana passada, o presidente do Parlamento Europeu, em plena sessão plenária, fez declarações lamentáveis e deploráveis, alertando para o que considerou serem os riscos daquilo a que chamou um movimento migratório de proporções bíblicas de África para a Europa.
Pela nossa parte, combatemos vigorosamente estas concepções.