Camaradas
A situação de crise profunda que o país atravessa, com graves consequências no plano económico e social, que são o resultado em primeiro lugar da política de direita que ao longo de trinta e sete anos depauperaram o aparelho produtivo nacional, violaram sistematicamente os direitos mais elementares dos trabalhadores e que têm levado ao empobrecimento do próprio regime democrático, releva para primeiro plano o objectivo de fazer convergir em torno da exigência de uma política alternativa e de uma alternativa política de esquerda, todos aqueles que aspiram a uma verdadeira alternativa de esquerda, aquela em que pesam e em que contam decisivamente as propostas do PCP.
É neste quadro de profundo descontentamento social, agravado com os dois anos e meio de um Pacto de Agressão peça essencial na estratégia de liquidação da nossa soberania ao serviço do grande capital, que atinge não apenas os sectores mais fragilizados da sociedade portuguesa, mas também sectores da pequena e média burguesia e que provoca sinais contraditórios – por uma lado revolta, e por outro o “deixar cair os braços, a resignação” - que o trabalho político unitário assume particular importância.
Um trabalho a exigir de todo o Partido uma empenhada intervenção no sentido de fazer convergir para a luta todos aqueles que estão dispostos, que estão disponíveis a lutar pela concretização da mudança.
O alargamento da intervenção e convergência de acção e iniciativa com outros sectores e personalidades democráticas assume, como o PCP tem vindo a sublinhar, um factor de inegável importância na luta contra a política de direita, pela rejeição do Pacto de Agressão e pela afirmação de uma política alternativa. Unidade, convergência e iniciativas comuns em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo, das conquistas e direitos alcançados com Abril, de um Portugal soberano.
Convergência e acção comum que tem expressão na política de unidade nas organizações e movimentos de massas dos trabalhadores, das populações e de outras camadas antimonopolistas em defesa das suas aspirações e direitos.
Convergência e acção comum que encontra na CDU expressão saliente da política de unidade, construída numa base sólida de intervenção política marcada pela coerência de propósitos e profunda identificação com os interesses dos trabalhadores e do povo.
Uma acção que tendo na participação eleitoral um momento de maior visibilidade e centralidade, encontra na actividade diária, designadamente no plano local um espaço de alargada convergência com milhares de outros portugueses sem filiação partidária e empenhados na construção de um Portugal mais desenvolvido, justo e próspero.
Convergência, diálogo e acção comuns abrangendo o conjunto de sectores e opinião democrática que indispensavelmente devem convergir e integrar uma frente social mais ampla na oposição a uma política determinada pelos interesses do grande capital e construídos na base de objectivos políticos que, independentemente da natural diferença de pontos de vista e de posicionamentos sobre questões diversas do país e do mundo, tenha como denominador comum uma assumida atitude de rejeição do Pacto de Agressão, uma clara percepção da indispensável ruptura com a política de direita.
Esta é uma condição primeira para assegurar um outro rumo, um claro posicionamento de defesa da Constituição da República Portuguesa e do regime democrático, mas também de recusa do percurso de submissão e dependência externas em parte significativa decorrente do processo de integração capitalista da União Europeia.
A luta pela ruptura com a política de direita, a concretização de uma política patriótica de esquerda e da alternativa que lhe dê expressão, deve concentrar-se na tarefa central e prioritária do reforço do PCP como elemento decisivo e determinante de uma futura viragem política e no desenvolvimento da luta de massas que reforce e amplie a frente social de luta no plano social, da classe operária com camadas e classes intermédias que, convergindo também objectivamente no plano político, se torna determinante para a derrota da política de direita e a construção da alternativa política.
Alternativa para cuja concretização e tal como temos afirmado, é indispensável, por um lado, a denúncia das responsabilidades do PS na prossecução do ataque aos direitos e conquistas de Abril, e, no concreto no Pacto de Agressão e por outro, mostrar que o processo de alternância a que o povo português vem assistindo, e, em que o PS está de novo, visivelmente apostado, não só não garante qualquer mudança de política do nosso País, como, pelo contrário, é o melhor seguro de vida para a politica de direita.
E por isso o PCP reafirma a rejeição de concepções que visam uma agregação ou convergência, baseadas num quadro de objectivos que não significam a ruptura, antes seriam o comprometimento com a política de direita.
Este é um processo que exige de todos nós uma intervenção sem pausas, sem impaciência, sem fadiga. Uma intervenção que contribua para o esclarecimento dos trabalhadores e do povo, de que o desânimo, a descrença, a falta de esperança, a abstenção, a desistência das escolhas políticas e eleitorais que melhor podem defender os interesses do povo da política de direita, só ajudariam à continuação da política de direita.
É com esta determinação que nos apresentamos, no quadro da CDU, às eleições para o PE, com uma candidatura Patriótica e de Esquerda determinada na luta pela defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo português e simultâneamente pela afirmação da soberania nacional como uma questão central e decisiva para afirmação dos interesses de Portugal e dos portugueses, que liberte o país do rumo de retrocesso social, declínio económico e dependência a que a política de direita o está a condenar.
Se o alargamento da frente social de luta e o desenvolvimento da luta de massas são fundamentais para o reforço da CDU nestas eleições, um bom resultado nestas eleições são um importante contributo para a mudança de política e a construção da alternativa Patriótica e de Esquerda.
Ao Partido, a todo o Partido está colocada uma tarefa da maior importância, quer do ponto de vista eleitoral, quer do ponto de vista político: a construção urgente de uma linha de trabalho destinada a um alargado e ousado plano de contactos com vista a examinar disponibilidades para o apoio, comprometimento e envolvimento na acção da CDU de personalidades ou outros cidadãos independentes, ofendidos nos seus direitos e dignidade, os patriotas e democratas que sentem Portugal golpeado na sua soberania e ameaçado o seu futuro de pátria independente e que aspiram e exigem uma real mudança de política.
É fundamental intervir rapidamente no sentido de contrariar tentativas de polarização de apoios de sectores democráticos desiludidos com o governo e a sua política, na base de calculados ajustamentos do quadro partidário que vise perpetuar sobre velhas ou renovadas expressões a política dominante e assim iludir responsabilidades e comprometimentos passados e presentes, da inaceitável resignação perante o papel de protectorado que a integração capitalista da União Europeia reserva ao nosso País, bem como alertar para o perigo de candidaturas assentes na demagogia que mais não visam do que animar concepções populistas e reaccionárias que mais não visam do que tentar impedir o crescimento eleitoral do PCP e da CDU.
O alargamento da CDU e da sua expressão unitária, a convergência na CDU de um vasto conjunto de pessoas ou sectores descontentes com o rumo da política nacional e a sua afirmação como um pólo de acção e cooperação unitária dirigida à viabilização de uma outra política capaz de dar e ser expressão de uma vasta corrente social, constitui um factor essencial para esta e próximas batalhas eleitorais e políticas.
Viva o PCP