Intervenção de Inês Zuber no Parlamento Europeu

Contributo das cooperativas para ultrapassar a crise

O cooperativismo é uma forma de organização económica com especificidades, valores e princípios que se opõem à lógica do mercado privado. A socialização dos lucros em prol da empresa cooperativa, os princípios da igualdade entre os membros que a integram, a forte ligação económica e social ao meio em que se integram, o respeito pelas relações laborais, são valores que, no quadro do acentuar das políticas neoliberais, urge defender e apoiar. Por isso, estamos, em geral, a favor deste relatório. No entanto, há todo um enquadramento no relatório com o qual discordamos. A inclusão do cooperativismo no Mercado único – que se baseia nas lógicas das competitividade e da colonização das economias mais fragilizadas pelas mais fortes – vai diametralmente contra os princípios que regem o cooperativismo. Por outro lado, seria importante que se tivesse clarificado que, aquando de um processo de transformação de uma empresa em insolvência numa cooperativa, não fossem os trabalhadores a herdar as dívidas que não foram criadas por eles, mas sim pelos gestores privados. O estímulo às cooperativas deve fazer parte da estratégia do crescimento das economias, mas não pode nunca servir para transferir as dívidas e todos os problemas associados dos empresários para os trabalhadores.

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