O relatório em discussão não disfarça mais uma tentativa de desresponsabilização dos reais responsáveis pela crise económica e social que atravessamos. E, com ela, uma tentativa mais de imputar aos trabalhadores e às populações a responsabilidade exclusiva pela suposta superação desta crise.
O documento "apoia vigorosamente as prioridades essenciais da Estratégia UE 2020" e apela a um maior reforço das políticas para o aprofundamento da mesma, "através da valorização do mercado único europeu". Relembramos que tais prioridades são idênticas às já conhecidas da recauchutada Estratégia de Lisboa, as mesmas que justificaram e promoveram os processos de privatização de serviços públicos, a liberalização dos despedimentos e a degradação das condições de trabalho, o aumento do desemprego e a promoção da regressão social - ou seja, as causas estruturais da crise sistémica do capitalismo que enfrentamos.
Os fundos estruturais, ou qualquer outro instrumento financeiro da política regional que tenha como objectivo central a coesão, deverão ser orientados para uma genuína aposta no desenvolvimento económico e no progresso social, na coesão territorial e na redução de assimetrias regionais. Não deverão ser, perversamente, utilizados para financiar as políticas cujas consequências são, consabidamente, contrárias aos objectivos declarados e, elas próprias, sementes de novas e mais profundas futuras crises.