Sr.ª Presidente,
Sr.ª Deputada Ana Drago,
Antes de lhe colocar uma pergunta, começo por registar o silêncio dos «partidos da troica», porque, depois de uma intervenção como a que fez, é significativo que a troica nacional não queira pedir esclarecimentos, nem sequer tomar posição perante aquilo que foi dito.
Sr.ª Deputada Ana Drago, é um facto que a situação na Grécia, tal como a situação em Portugal, confirma não só o potencial destrutivo dos pactos da troica assinados nestes dois países e aos quais foram submetidos estes dois países, mas também que estes pactos não se destinavam como não se destinam a resolver qualquer dos problemas centrais dos dois países.
O agravamento de todos os problemas nacionais na Grécia, como em Portugal, confirmam o falhanço destes pactos, que se propunham resolver os problemas nacionais, como sejam os problemas da dívida, da dependência externa e dos défices orçamentais ou os problemas económicos e sociais destes países. É que estes «pactos de agressão» aos povos e aos países agravaram estes problemas nacionais e apenas serviram para resolver os problemas do capital financeiro e dos grandes grupos económicos, para os quais estão a ser desviadas as quantias fabulosas que estão, neste momento, a ser roubadas aos trabalhadores e aos povos, em Portugal como na Grécia.
Poder-se-á dizer que nada disto é novidade, pelo menos para o PCP.
Aliás, quando foi decidido participar no «pacto de agressão» à Grécia, já dizíamos, no debate parlamentar realizado nesta Assembleia, o seguinte: «O que está aqui em causa não é uma ajuda, é uma condenação ao atraso, à dependência e à crise social».
Foi isto que o PCP disse na altura e, por isso, votámos contra o «pacto de agressão» à Grécia, com a companhia do Partido Ecologista «Os Verdes». Confirma-se, hoje, que tínhamos razão em votar contra aquele pacto que estava a ser imposto à Grécia.
Mas, hoje, a situação é muito clara: os gregos, nas últimas eleições, rejeitaram as políticas da troica, rejeitaram o pacto da troica e, por isso, estão hoje a ser sujeitos, por parte dos responsáveis políticos da União Europeia, a uma operação de chantagem, dizendo aos gregos que, se insistirem nessas opções políticas, estarão perante a chantagem da saída da zona euro, perante a chantagem da saída da União Europeia.
Por isso, a luta decisiva que se coloca aos povos na Grécia e em Portugal é a da rejeição destes pactos, é a luta da rejeição desta chantagem.
Quero colocar-lhe uma questão muito concreta: surgiu nas últimas semanas a ideia de que, perante um pacto orçamental, que é contra o crescimento, há a possibilidade de lhe acrescentar uma adenda para garantir o crescimento. Esta é uma ilusão que é preciso desmontar. Não é possível resolver os problemas dos povos da União Europeia, particularmente os que resultam da aplicação das políticas contra as economias nacionais e contra os povos, que também estão plasmadas no tratado orçamental, acrescentando-lhe uma adenda, se o problema, na sua origem, não for resolvido.
Pergunto se o Bloco de Esquerda entende que é com uma adenda sobre crescimento que se resolve o problema de um pacto orçamental, que é, ele próprio, contra o crescimento.