Intervenção

Consequências económicas e sociais da reestruturação de empresas na Europa - Intervenção de Ilda Figueiredo no PE

É da maior importância este debate que estamos a
realizar. Mas sê-lo-á muito mais se houver medidas concretas que impeçam que
sejam sempre os trabalhadores e as populações a pagar os custos das
reestruturações e deslocalizações de empresas e grupos económicos com lucros de
milhões, como tem acontecido, designadamente em Portugal.

Neste momento, os trabalhadores da Opel Portugal
do grupo da General Motors, que saudamos, através dos seus representantes aqui
presentes, estão a viver momentos de grande angústia, seguindo atentamente este
debate e esperando que também neste Parlamento Europeu e na Comissão Europeia
haja a solidariedade que têm recebido dos trabalhadores da General Motors em
diversos países da União Europeia, designadamente na Suécia, Alemanha e
Espanha, sobre quem também pairam ameaças no futuro.

Enquanto se sucedem notícias na comunicação social
sobre negociações entre empresas do sector automóvel envolvendo a General
Motors e outras, os trabalhadores da Opel Portugal, as suas famílias, as
populações e instituições locais e regionais da zona da Azambuja e concelhos
limítrofes vivem a ameaça do desemprego e do bloqueamento ao desenvolvimento a
que conduziria o seu eventual encerramento, situação tanto mais dramática
quanto estamos num país onde o desemprego e a pobreza não param de aumentar,
apesar da lamentável insensibilidade aqui demonstrada pelo deputado Silva
Peneda.

É preciso maior atenção às mutações e
reestruturações industriais. É fundamental que as ajudas comunitárias sejam
condicionadas a acordos de longo prazo em matéria de emprego e de
desenvolvimento local. É necessário dar prioridade à protecção dos
trabalhadores sempre que as empresas transformadoras sejam reestruturadas,
incluindo a plena garantia à informação e à sua participação e influência
decisiva ao longo de todo o processo.

Sabemos que há alternativas ao encerramento da
Opel Portugal. Sabemos que se houver vontade política é possível assegurar a
continuação da laboração normal de uma empresa que tem condições de
produtividade e onde foram assumidos compromissos que os trabalhadores
respeitaram. É preciso que a General Motors respeite a sua parte e que a
Comissão Europeia tome todas as medidas necessárias para assegurar a laboração
normal da Opel Portugal e o emprego com direitos.

 

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