Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Carlos Zorrinho,
E m primeiro lugar, gostaria de cumprimentar o Partido Socialista pela realização do seu Congresso e pela eleição dos seus órgãos — o Secretário-Geral, Deputado António José Seguro, a Presidente do PS, Deputada Maria de Belém, e a direcção da bancada parlamentar — e pela sua eleição.
A sua intervenção foi muito curiosa, mas foi a intervenção de que estávamos à espera e que vamos passar a ouvir a partir de agora da parte do Partido Socialista. É, mais ou menos, aquele tipo de intervenção do partido que diz «não tem nada a ver com isto», é um partido que diz que chegou agora aqui e não que está muito de acordo com o que está a passar-se.
Mas o que vemos é que o Partido Socialista, que é o primeiro subscritor do Memorando da tróica — aliás, ontem estivemos num debate onde o Sr. Deputado assumiu que uma parte foi escrita por si próprio, o que é bastante significativo! —, não pode agora desligar-se daquilo
com que se comprometeu e não pode fingir, divergindo no acessório para concordar no essencial, que não está amarrado a este programa de destruição do País, que é o que está a ser aplicado pelo actual Governo, com a total colaboração, conivência e responsabilidade do Partido Socialista.
Ouvimos o PSD dizer ao PS que mudou a «gerência» — e agora mudaram de estilo! — e depois ouvimos o Sr. Deputado responder ao PSD que eles mudaram de «negócio».
E o que aconteceu, no País, ao fim e ao cabo, foi que, em relação ao Governo, mudou a «gerência» mas não mudou o «negócio». O «negócio» é o mesmo, a política é a mesma e os resultados serão igualmente desastrosos com este Governo, como foram com o governo do Partido Socialista!
O Sr. Deputado veio, outra vez, com a estafada teoria do «derrube» do governo. O governo do seu partido demitiu-se, Sr. Deputado! O primeiro-ministro demitiu-se!
Ora, nesta Assembleia, esta bancada do PCP esteve contra as gravosas medidas dos vários PEC que os senhores apresentavam de três em três meses e o que aconteceu no PEC 4 foi que aqueles que sempre vos apoiaram, e são co-responsáveis pela política do vosso governo, nesse momento não quiseram fazê-lo. Mas fizeram nos PEC anteriores, fizeram nos Orçamentos do Estado e
estiveram sempre cúmplices da vossa política, tal e qual como os senhores estão cúmplices da política que este Governo está a fazer, porque assinaram o acordo com a tróica.
Se não fosse assim, como se compreenderia que, no que se refere a uma proposta que ontem apresentaram relativamente à tributação extraordinária das empresas com mais 1,5 milhões de euros de lucro, ainda em Julho, quando debatemos a questão do roubo do subsídio de Natal aos
portugueses, quando o PCP apresentou uma proposta exactamente nesse sentido, o Partido Socialista não tenha votado a favor dessa mesma proposta?
Não estavam ainda alerta para a injustiça que se estava a praticar? O Partido Socialista não votou a favor e a direita votou contra, e foi por isso que essa proposta não foi aprovada e não está em vigor.
Por isso, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, não vale a pena indignar-se muito contra as bandeiras a meia haste que alguns propõem e que devem ter uma reacção firme de todos aqueles que defendem Portugal e a nossa soberania, quando foram os senhores que assinaram um acordo de submissão, que é muito pior do que ter a bandeira a meia haste, porque é pôr a soberania a meia haste, que foi o que os senhores fizeram com o acordo que subscreveram com a tróica!