O I Congresso Nacional das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), realizado de 27 a 31 de Agosto sob o lema «Por um governo de transição para a reconciliação e a paz», marcou a conversão das FARC-EP em partido político.
Ao longo de cinco dias, cerca de 1200 delegados aprofundaram a análise sobre a situação no país, designadamente sobre o processo de paz em curso – dificuldades, desafios e perigos de incumprimento por parte das autoridades colombianas, e, consequentemente, sobre as respostas políticas necessárias à sua defesa, consolidação e concretização –, e adoptaram os elementos que estruturam as FARC-EP num partido político.
Reunidos em diversas comissões, cujas conclusões foram votadas pelo Congresso, os delegados definiram as linhas orientadoras do programa político do novo partido, apontaram a criação de uma plataforma unitária que projectam para o futuro, e aprofundaram a reflexão em torno da organização e do trabalho com as massas, em áreas como a saúde, educação, cultura, desigualdades entre homens e mulheres, nas questões étnicas, das vítimas do conflito ou da juventude.
O Congresso aprovou os estatutos do novo partido, incluindo a sua designação, e decidiu a realização, no espaço de um ano, de uma conferência para apreciar as conclusões e orientações agora adoptadas.
Do Congresso resultou a vontade inequívoca de cumprir os compromissos assumidos no Acordo de Paz, num contexto muito complexo, designadamente quanto à sua efectiva implementação – verificam-se recuos e atrasos significativos –, condicionada, também, pelas eleições para a presidência da Colômbia no próximo ano. Consciente das ameaças ao processo de paz, o qual se pretende com justiça social, o Congresso estabeleceu como prioridade a criação de um movimento que reúna uma frente muito ampla de organizações políticas e sociais na defesa daquele e na promoção da unidade.
Dezenas de convidados internacionais estiveram no Congresso, particularmente da América Latina e Caraíbas, mas também forças políticas da Europa, entre as quais o PCP, que se fez representar por João Pimenta Lopes, deputado do PCP no Parlamento Europeu.