Travamos uma intensa luta no plano económico, social, político e ideológico, contra um inimigo poderoso, com instrumentos incomparavelmente superiores aos nossos, que não olha a meios para difundir e impor as suas ideias.
Olhando para a realidade dos nossos dias e para o combate pela construção da alternativa patriótica e de esquerda, enfrentamos entre outras linhas de ataque, a permanente afirmação da impossibilidade da construção dessa mesma alternativa.
É a impossibilidade da libertação do País da submissão ao euro e das imposições e constrangimentos da União Europeia, ao qual se associa o inevitável caminho de perda de soberania económica e política, justificada como um mal menor para um suposto bem maior, são as lágrimas de crocodilo derramadas sobre o drama dos refugiados, é a aparente preocupação com os populismos e a extrema-direita, é a forma como nos atacam por nos opormos a sanções contra outro povo, são estas algumas linhas dos pregadores da impossibilidade, esses mesmos impossibilitas que se constituem, pelas suas opções políticas, a razão funda dos problemas que enfrentamos.
São os mesmos que nos tentam convencer que é inevitável pagar a dívida e impossível renegociá-la, nos seus prazos, juros e montantes e dessa forma garantir um serviço da dívida compatível com as necessidades do país.
Curiosamente são esses mesmos os tais que nos tentam fazer crer da impossibilidade, que acham inevitável despejar dinheiro e a riqueza por nós criada, no sistema financeiro, esse mesmo que nos suga milhares de milhões só em juros, num negocio de encaixe garantido para a banca.
Esses afirmantes das impossibilidades que pregam respeito aos trabalhadores mas, cuja inevitável realidade impõe sempre roubo dos direitos e rendimentos e onde já é uma sorte ter emprego.
Para estes o aumento da exploração é o segredo da criação de emprego, assim a valorização do trabalho e dos trabalhadores, o aumento dos salários, a redução do horário de trabalho, o trabalho com direitos, o combate ao desemprego e à precariedade, não só são impossibilidades como são apresentadas como negativas para os próprios trabalhadores.
Na concepção desses defensores da impossibilidade o país está destinado à condição de dependente e improdutivo, logo o que nos resta é ser uma instância turística e promotor de eventos internacionais.
Afirmam-no, mesmo sabendo que o País tem recursos suficientes para levar por diante o desenvolvimento da indústria transformadora e extractiva, da agricultura, das pescas entre outras e dessa forma reduzir os seus défices estruturais; fazem-no devido à sua inevitável opção de entrega dos recursos nacionais e sectores estratégicos da economia nas mãos dos grandes interesses.
Já o controlo público da banca, a recuperação para o sector público dos sectores básicos estratégicos da economia, um Sector Empresarial do Estado forte e dinâmico, o apoio às micro, pequenas e médias empresas e ao sector cooperativo, isso é tudo impossível e impensável.
Um País que dispõem dos seus recursos e da sua capacidade produtiva, não para encher o grande capital, mas para desenvolver a sociedade e dar resposta aos direitos e anseios dos trabalhadores e do povo, é segundo os impossibilitas um país perdido no chamado mundo global.
Este mundo global, onde é inevitável menos estado, com a entrega ao capital de serviços públicos.
Menos estado para gerir, mais estado para transferir recursos para os grandes interesses.
Segundo estes gestores dos seus próprios interesses, o país não pode desperdiçar os poucos recursos para garantir o Serviço Nacional de Saúde público universal e gratuito, ou a Escola Pública, gratuita e de qualidade, ou um sistema de Segurança Social Público e Universal, de um serviço público de cultura, como afirmam os recursos são poucos, logo à que fazer opções.
Os fomentadores da impossibilidade são os que exigem menos impostos, desde que essa redução recaia inevitavelmente para o Capital.
Já o alívio fiscal sobre os rendimentos dos trabalhadores e do povo e o combate os paraísos fiscais, ora aí está mais uma inevitável impossibilidade.
E que dizer dos altos brandos por uma justiça mais eficiente e ao mesmo tempo vê-los inevitavelmente a entravar a concretização de uma justiça independente e acessível a todos?
Ou a oporem-se ao aprofundamento dos direitos, liberdades e garantias e ao combate à corrupção?
Então estamos assim:
Uma ofensiva ideológica que visa desacreditar os eixos fundamentais da política alternativa a que associam linhas de descredibilização dos seus principais construtores - o Partido, os trabalhadores e o povo.
O Partido é apresentado como retrógrado, conservador, que não conta, responsável por todos os males.
Veja-se a campanha anti-comunista a partir de acontecimentos internacionais, veja-se o esforço para desvirtuar a nova fase da vida política nacional, atribuindo-lhe uma natureza e alcance que nunca teve nem poderia ter, ou a permanente falsa ideia de “maioria parlamentar” ou “partidos que apoiam o governo” procurando responsabilizar o PCP pelo que não é responsável e transferir para o Partido o dever de responder a todas as expectativas que a actual correlação de forças não permite dar resposta.
Ou a forma como é desvalorizado o papel do Partido no que é alcançado, e as tentativas da nossa responsabilização no que, pelas opções do governo e do PS, não é concretizado.
Veja-se a promoção por diversas formas de preconceitos anticomunista, a deturpação e falsificação dos posicionamentos do Partido e o seu silenciamento. Veja-se a centralidade dada a determinados assuntos e acontecimentos, muitos deles a visarem o Partido, e que procuram desviar a atenção dos reais problemas que o País enfrenta e as respostas necessárias para lhes fazer frente, para não falar do fomento da perigosa teoria onde os chamados direitos individuais estão a cima e em contraponto com os direitos colectivos.
Enfrentamos um inimigo poderoso, detentor de meios imensos e da comunicação social dominante, que recorre à manipulação das novas tecnologias de informação procurando ganhar os trabalhadores e outras camadas antimonopolistas para as suas ideias.
Não vivemos numa redoma e não estamos imunes à brutal ofensiva ideológica, mas não podemos perder a consciência que enfrentamos diariamente uma intensa luta de classes logo, tudo o que venha do outro lado da barricada, ou é mau ou no mínimo é para desconfiar, e se assim o é, precisamos de conhecer as posições do Partido, defende-las e não permitir que nos deixe-mos arrastar para a desinformação, a mentira e a intriga e muito menos sermos nós próprios por vezes os divulgadores e partilhadores dessa mesma intriga ou notícia anti-partido que é o mesmo que dizer intriga ou notícia anti-trabalhadores, anti-direitos, anti-alternativa.
Tudo nos separa desses pregadores da impossibilidade, mas tal como eles também nós estamos certos da inevitabilidade.
A inevitabilidade, a urgência, necessidade e a possibilidade da ruptura e da construção de um País livre e soberano, que concretize uma política de defesa intransigente dos seus interesses, uma política patriótica;
A inevitabilidade, a urgência, necessidade e a possibilidade da ruptura e da construção de um País que coloque no centro da sua política e das suas opções os direitos dos trabalhadores e do povo, uma política de esquerda.
Uma inevitabilidade, necessidade e possibilidade que não fica à espera, que se constrói e alarga todos os dias com a luta de todos os dias.