Intervenção de João Pauzinho, Membro do Comité Central, Conferência Nacional do PCP «Tomar a iniciativa. Reforçar o Partido. Responder às novas exigências»

O reforço do Partido nas empresas locais de trabalho, junto da classe operária e de todos os trabalhadores

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Camaradas,

Vão profetizando o fim da luta de classes, quando não mesmo o fim da história, eis que o capitalismo volta a colocar com mais visibilidade e brutalidade dois dos seus principais objectivos estratégicos: enfraquecer e desagregar os partidos comunistas, o movimento sindical e outras organizações unitárias. Sabendo de ante mão que por experiência secular, que é mau para os seus objectivos haver luta, mas pior é a luta organizada. E ainda mais perigoso é quando essa luta organizada se constrói e realiza a partir das empresas e dos locais de trabalho.

O capital tem razão em ter medo da intervenção e do trabalho organizado do partido nas empresas. Porque se a intervenção nas empresas for entendida pelos trabalhadores na relação directa entre as exigências e práticas do patrão e as propostas que os governos e os partidos apresentam, liberta naturalmente energias de luta e de combate, faz ressurgir e forma quadros, traz à organização homens, mulheres e jovens que exigirão mais cedo que tarde outra política e uma alternativa política.

Tomar a iniciativa nas empresas e locais de trabalho é lutar por objectivos concretos e imediatos. Na Península de Setúbal estamos a tomar e vamos continuar a tomar a iniciativa no combate e na denuncia dos baixos salários praticados na Navigator, em contraponto com os lucros abissais dessa mesma empresa, tornando mais claro para os trabalhadores que a crise não é para todos e que esses lucros gigantescos são fruto do seu trabalho, tomamos e vamos continuar a tomar a iniciativa na denuncia da desrulação dos horários de trabalho e dos ritmos de trabalho impostos nas empresas nomeadamente no ramo automóvel e que graves consequências do ponto de vista da vida familiar e da saúde dos trabalhadores tem causado aos mesmos, sim camaradas os mais de 1000 trabalhadores com doenças profissionais na Autoeuropa e nas empresas do parque não são fruto da “obra do acaso”, são fruto sim dos ritmos e da penosidade a que são sujeitos diariamente esses mesmos trabalhadores e a essa dita “obra do acaso” nós chamamos exploração, tomamos a iniciativa e vamos continuar a tomar no combate contra a precariedade que se faz sentir em muitas das grandes empresas da região de é exemplo a Coca-Cola onde os trabalhadores das empresas de trabalho temporário que fazem os mesmos trabalhos e o mesmos horários que os restantes trabalhadores são discriminados salarialmente, discriminação essa que para os precários chega ao ponto até ao lugar onde se estaciona o carro no parque da empresa, tomamos a iniciativa e vamos continuar a tomar no combate às tentativas de imposição do medo aos trabalhadores por via das ameaças de despedimento de que são exemplo as empresas Hanon e a Vistion, tomamos a iniciativa e vamos continuar a tomar no apelo permanente aos trabalhadores que lutem em torno dos seus interesses concretos e na organização dessa mesma luta.

Luta que conta para resistir, defender, avançar e conquistar. Luta organizada, que exprime a força dos trabalhadores e das massas populares na defesa dos seus interesses para a concretização das suas aspirações e reivindicações, promove a acumulação de forças, a elevação da consciência social e política, a ruptura com a política de direita, a afirmação da alternativa e o avanço do processo de transformação social.

Luta reivindicativa por objectivos concretos e imediatos, que exige o exercício de todos os direitos sindicais, em particular de acção nos locais de trabalho. O movimento sindical e as CTs haverão de fazer o que é necessário. Mas o Partido não pode delegar neles o que é tarefa sua.

No momento em que, tal como os trabalhadores, o Partido é confrontado com fortíssimas investidas que visam o seu enfraquecimento e desagregação, a coesão, o enraizamento nos trabalhadores e no povo, a natureza do Partido e a forma própria e ímpar de estar na vida constituem elementos indissociáveis da sua natureza.

É um facto que é mais fácil escrever e proclamar do que fazer. Mas o conjunto de orientações aprovadas pelo colectivo partidário constitui um valioso instrumento de quem não confunde dificuldade com impossibilidade.

Sendo certo que esta Conferencia Nacional não substitui o que só o trabalho quotidiano, persistente, confiante, inovador e organizado pode realizar, ela também será um momento importante neste processo, que afirme mais este Partido como uma forma superior de organização política dos trabalhadores.

Agora como sempre, é fundamental assegurar a concretização das medidas para a acção, intervenção e reforço da organização lá onde sentem, sofrem, agem e lutam os destinatários da razão fundamental do projecto e da luta do PCP. Os Trabalhadores.

Viva o Partido Comunista Português!

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