Camaradas,
Quero aqui evocar o ano de 1992 onde milhares de agricultores se concentraram na Cúria para dizer NÃO à Reforma da PAC. Era na altura Ministro de Agricultura – Arlindo Cunha - , Cavaco Silva era Primeiro Ministro e Mário Soares Presidente da República, que, numa das suas intervenções afirmou que Portugal iria produzir alimentos para milhões de europeus.
Mas camaradas, as Reformas da PAC traduziram o contrário.
Os partidos da política de direita – PSD, CDS e PS – de acordo com as políticas de Bruxelas, implementaram regras que, em nome da competitividade, forçaram milhares de explorações, em particular as do leite, a abandonar a sua actividade.
Camaradas, a luta dos agricultores não parou na Cúria em 1992. Por todo o país, os pequenos e médios agricultores continuaram a luta contra as sucessivas reformas da PAC, mesmo que o número de produtores tenha passado de quase 70mil para menos de 4mil, como foram os exemplos de grandes manifestações de tractores na Agrovouga, em Aveiro, nas quais o Partido e os agricultores comunistas tiveram e têm tido um papel importante com a sua intervenção no apoio aos agricultores.
Sabemos das imensas dificuldades. Mas mesmo com a pandemia, mesmo com a contínua política agrícola de discriminação da pequena e média agricultura familiar, o mundo rural continua de pé, a intervir, como foi o exemplo da recente marcha de tractores em Ovar.
No passado mês de Abril, num quadro de absoluto sufoco dos produtores de leite, quando as grandes superfícies não queriam subir o preço pago à produção e a indústria também não o fazia, perante o aumento escandaloso dos factores de produção - por exemplo os fertilizantes já subiram 300% e a alimentação animal mais de 50% - o movimento dos agricultores convocou um reunião de produtores e com eles decidiu que o caminho era o da luta.
Daí fomos porta a porta, de exploração em exploração, quebrando medos, transpondo preconceitos e a luta aconteceu. Duas dezenas de tratores, e mais de uma dezena de c,arros em marcha no concelho de Ovar, com um determinante papel dos comunistas na sua organização.
As lutas não se fazem por assobio.
É necessário aproveitar as portas que a intervenção do Partido abriu.
O reforço da nossa intervenção neste sector é muito importante. O recrutamento, o encontrar de novos quadros, é fundamental para o reforço da intervenção do nosso Partido.
Camaradas,
No meio de tantas dificuldades, nem tudo é mau.
Saibamos abrir, com ousadia, com determinação, com a nossa intervenção, as portas do diálogo, da amizade, do convívio e da fraternidade.
O Partido está no caminho certo.
A sementes que lançamos serão de longa duração.
Temos que acompanhar a sua germinação com alegria e confiança, como no passado fim de semana fizemos no Congresso da CNA, realizado com centenas de agricultores em Viseu!
Os agricultores podem contar com o PCP na luta por uma agricultura melhor, onde os seus filhos e netos possam ser livres e felizes nos campos de Portugal.
Vivam os agricultores portugueses!
Viva o Partido Comunista Português!