Intervenção de Francisco Franco, Membro da Organização Regional de Beja, Conferência Nacional do PCP «Tomar a iniciativa. Reforçar o Partido. Responder às novas exigências»

Os operários agrícolas imigrantes

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Camaradas,

O sector agrícola é um dos sectores que mais sofre com salários baixos, precariedade, falta condições de trabalho, falta de protecção social e económica, com elevado número de trabalhadores imigrantes a que acresce à falta de política de integração plena na vida económica, social e cultural na nossa sociedade, e da falta protecção e defesa dos seus direitos.

Nos trabalhadores Imigrantes a ausência do conhecimento da língua Portuguesa, e por consequência o desconhecimento dos seus próprios direitos, leva estes trabalhadores a sujeitarem-se a condições de degradação humana.

A ausência de uma maior intervenção das instituições governamentais sobre situações concretas dos trabalhadores Imigrantes, exemplo da ACT, Segurança Social, a falta de conhecimento da legislação por parte destes, o medo de perder o emprego, faz perpetuar estes efeitos ao longo dos anos, entrando num círculo vicioso.

Camaradas, aponta-se para existência de 28 mil trabalhadores imigrantes a residir de forma legal no distrito Beja, com maior incidência nos concelhos de Beja, Ferreira do Alentejo, Moura, Serpa e Odemira. Concelhos estes, que coincidem com maior percentagem de hectares de culturas em regimes intensivo e super-intensivas plantadas. Sendo esta também uma consequência das más políticas agrícolas comuns.

Actualmente no Alentejo, existem empresas de prestações de serviços (empresas de trabalho temporário) que são contratadas pelas grandes empresas ou grupos económicos na área da agricultura, como é exemplo o Vale da Rosa em Ferreira do Alentejo ou na Do Prado em Beja, da Sudoberry em Odemira, que sobre tudo na época alta, apanha de frutos, da azeitona, no cultivo de frutos vermelhos em Odemira, onde não são respeitados quais quer direitos dos trabalhadores, aumentando assim a precariedade no trabalho, falta segurança e estabilidade económica e social do trabalhador.

Camaradas, muitos destes trabalhadores imigrantes são angariados nos próprios países de origem, por grupos criminosos, onde usam as tácticas de organizações criminosas ligadas à varias máfias internacionais. É este tipo de trabalhador que se encontra mais propicio ao trabalho escravo, que vivem em condições deploráveis e sub-humanas.

Camaradas, nem tudo é triste e medonho. Daqui saudamos a luta dos trabalhadores da Sudoberry pela melhoria dos espaços comuns dos trabalhadores, refeitório, lavarias etc, da Clevaer Leaves, que lutam contra o despedimento colectivo, e saudar de forma geral de todos os trabalhadores do sector, que lutam pela dignificação do seu trabalho, por melhores condições de trabalho e melhores salários.

Ao longo dos anos, o PCP e SINTAB tem sido os únicos a denunciar estas situações concretas e a intervir com regularidade na defesa dos seus direitos, a acompanhar de perto os trabalhadores Imigrantes. Este trabalho persistente realizado por vários camaradas e pelo MSU, levou pela primeira vez à participação de perto de 3 dezenas de imigrantes na jornada de luta do passado dia 15 Outubro organizada pela CGTP-IN em Lisboa.

Foi um primeiro passo, que tem de ser valorizado.

No distrito, o trabalho junto dos trabalhadores imigrantes, continua a ser uma prioridade. Um trabalho que exige determinação e persistência. Organizar os militantes e os trabalhadores, reforçar a influência junto dos trabalhadores, reforçar o movimento sindical nos locais de trabalho, nomeadamente nas grandes explorações agrícolas e lagares.

Os trabalhadores Portugueses sabem que podem continuar a contar com o PCP ao seu lado todos os dias, porque foi nos momentos mais exigentes da luta, que puderam contar sempre com o Partido!

Viva luta dos trabalhadores!
Viva o PCP!

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