Intervenção de Jaime Toga, Membro da Comissão Política do Comité Central, Conferência Nacional do PCP «Tomar a iniciativa. Reforçar o Partido. Responder às novas exigências»

A Luta dos trabalhadores. Valorizar o trabalho e os trabalhadores

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Camaradas,

O povo e o país sentem as consequências de décadas de políticas de direita e da opção de classe que lhe está subjacente, evidenciada na submissão ao euro e aos interesses do grande capital e no favorecimento da exploração de quem trabalha.

Fruto deste rumo, hoje temos um país marcado pelas injustiças e desigualdades, confrontado com um problema estrutural de baixos salários, persistindo situações de pobreza entre quem trabalha mas onde emergem também os problemas decorrentes da desregulação dos horários, uma elevada precariedade, condições salariais e de trabalho que continuam a empurrar muitos trabalhadores para a emigração e que dificulta cada vez mais a autonomização das novas gerações, seja para a saída da casa dos pais, seja para a concretização do anseio de ter filhos.

Mas se a situação vivida resulta de mais de 40 anos de política de direita, tem também a marca da resistência e da luta organizada dos trabalhadores que têm feito frente aos objectivos do grande capital e, contrariamente ao que pretendiam, resiste e luta diariamente nas empresas e locais de trabalho.

Uma acção valiosa que tem contado sempre com o PCP, o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores. Partido que nunca faltou, nem faltará, aos trabalhadores e à luta em defesa dos seus interesses de classe, aproveitando todas as oportunidades para avançar, sem ilusões nem capitulações.

Partido que identifica a valorização do trabalho e dos trabalhadores como um dos eixos centrais da alternativa que aponta para o país, ancorada na consciência de que são os trabalhadores quem produz a riqueza e faz o país andar para a frente.

E, se são os trabalhadores que, mesmo nos períodos mais difíceis, põem o país a funcionar e produzem a riqueza, então que se distribua a riqueza criada, que se aumentem salários e combata a pobreza entre quem trabalha, para promover a elevação das suas condições de vida, para potenciar o desenvolvimento económico e o aumento da produção nacional, para combater o desemprego e a emigração, para acautelar pensões futuras e reforçar o financiamento da segurança social.

Camaradas,

Na proposta de resolução da nossa Conferência identificamos e denunciamos as intenções do governo promover novos ataques aos direitos dos trabalhadores, convergindo com os objectivos do grande capital.

Mas daqui também queremos apontar caminhos para tomar a iniciativa, reforçar o Partido e responder às novas exigências, destacando a resistência à ofensiva em curso como o primeiro passo para derrotar os objectivos imediatos do grande capital e condição necessária para abrir um outro rumo para o país, que assuma os valores de Abril e os projecte no futuro de Portugal.

Um rumo que se constrói ligando o Partido à vida, afirmando-o como o instrumento fundamental para a acção e luta pela resolução dos problemas concretos dos trabalhadores.

Acção e luta consequente, que tem na defesa da valorização dos salários e direitos, no combate a exploração e às injustiças os elementos de convergência que dão corpo à corrente de mudança e alternativa que o país precisa.

Acção e luta organizada dos trabalhadores que conta com o papel empenhado do PCP e dos seus militantes, que não se substituem ao movimento sindical, mas não enjeitam o seu papel histórico de vanguarda, que advém do seu conhecimento profundo da situação e dos problemas dos trabalhadores, da defesa permanente dos seus interesses e aspirações, da definição numa base científica dos objectivos da luta nas várias situações e etapas da revolução social no quadro da missão histórica da classe operária.

Esta característica inerente à condição de vanguarda tornou-se ao longo dos anos uma realidade do PCP que resulta da aprendizagem, da experiência e do amadurecimento do nosso Partido ao longo de mais de um século em estreita ligação e permanente contacto com a classe e com as massas.

É que não se trata só de “ir lá” distribuir papeis à entrada da fábrica. É “estar lá”, ser parte dos trabalhadores, integrar as massas. É ser a força organizada e consciente das massas, mas simultaneamente é “ser de lá”, da classe operária e das massas, de onde provém o fundamental da nossa força.

Uma característica que dá sentido à definição da célula de empresa como a mais importante organização de base do Partido, pelo que traduz de integração e organização dos camaradas de um local de trabalho, empresa ou sector de actividade, mas igualmente pelo que a constituição de uma célula de empresa ou sector e a sua acção organizada contribui para a acção organizada das massas e para a defesa dos trabalhadores e o combate à exploração.

Este conhecimento e esta inserção nas massas dá ao Partido a consciência de que para dirigir tem também que ser capaz de aprender com a classe e as massas, a noção de que transmitimos às massas o saber revolucionário adquirido ao longo de mais de 100 anos de história e luta, mas simultaneamente a capacidade de saber assimilar a experiência revolucionária das massas em cada momento, em cada circunstância, com a certeza porém de que não são pequenos grupos que se substituem às massas. Nem é o Partido que se substitui às massas.

Temos a noção certa e clara de que não é o Partido que sozinho assegura a defesa do combate à exploração e da valorização do trabalho e dos trabalhadores. Antes é a classe operária e são os trabalhadores, organizados em torno dos seus sindicatos de classe, que têm de defender os seus interesses e alcançar a sua libertação, contando sempre com o Partido e a sua acção própria para a concretização desse objectivo.

A luta continua!
Viva a JCP!
Viva o PCP!

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