Intervenção de Helena Neves, Membro do Comité Central e da Organização Regional de Portalegre, Conferência Nacional do PCP «Tomar a iniciativa. Reforçar o Partido. Responder às novas exigências»

A luta dos trabalhadores na corticeira Amorim

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Camaradas,

Em nome da Direção da Organização Regional de Portalegre, uma calorosa saudação a esta conferência nacional, que tem lugar num momento complexo, que torna cada vez mais evidente a necessidade de os trabalhadores assumirem a vanguarda da luta por uma vida melhor e uma sociedade mais justa.

Foi isso mesmo que fizeram os trabalhadores da Amorim Florestal em Ponte de Sôr, um processo de luta que é apenas mais um exemplo de persistência, que continua a ser uma das mais importantes características da luta de todos os trabalhadores.

Esta foi uma luta cuja mais elevada expressão, uma greve com uma adesão superior a 80% a 1 de Junho deste ano, demorou 20 anos a construir, mas não por falta de razões. O sector corticeiro é um dos mais importantes sectores da economia. Entre 2009 e 2016 cresceu 30%. No mesmo período os salários foram actualizados em 11%. Uma das empresas que mais cresceu foi a Amorim, uma empresa com 2 unidades em Ponte de Sôr, que dirige a associação patronal, a APCOR, e que só nos primeiros 9 meses de 2018 declarou 5,8 milhões de Euros de lucro.

A percepção deste desequilibro na repartição da riqueza não é instantânea. Mas à medida que o tempo passa e se torna mais claro que o salário não chega, se forem lembrados constantemente que há quem acumule riqueza à custa das suas dificuldades, os trabalhadores acabam por sentir a injustiça da exploração.

É este o papel do Partido, é este o papel do movimento sindical unitário de classe. O descontentamento está lá. É preciso que os trabalhadores reconheçam que esse é um sentimento comum e trabalhem em unidade para alterar a situação.

Foi esta capacidade de mobilização que fez o seu caminho, particularmente a partir de 2017, com a organização de acções de vários tipos, mas sobretudo de denúncia quer dos vínculos precários quer dos constrangimentos à liberdade sindical ou mesmo do contrataste entre o encaixe financeiro de mais de 43 milhões de euros e a proposta de 14,73 Euros de actualização salarial, em 2021.

Centenas de jornadas de contactos e milhares de comunicados depois, no final de Maio, à porta da empresa os trabalhadores votaram por unanimidade um pré-aviso de greve.

No dia 1 de Junho, dia da reunião da APCOR com os sindicatos, os trabalhadores da Amorim Florestal não só fizeram greve como se concentraram à porta da empresa. No final desse dia o patronato cedia e passava de uma proposta de actualização salarial mensal de 17 Euros para 40!

Não há dúvida que, exemplos como este, são mais necessários do que nunca mas é também fundamental que cada vez sejamos mais a assumir estas tarefas: o papel dos que entregam o comunicado, dos que o apanham do chão e o voltam a entregar, dos que falam, insistem e persistem numa luta que pode demorar anos mas que é, em todos os casos, o caminho para combater a exploração e construir um mundo novo.

Viva a luta dos trabalhadores!
Viva o PCP

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