Camaradas,
A evolução da situação internacional comprova o acerto de aspectos essenciais apontados no XXI Congresso do nosso Partido, realizado em 2020.
Sublinhávamos então que o impacto da pandemia acentuava as tendências que caracterizavam a situação internacional, expondo com uma ainda maior acutilância as contradições do capitalismo, confirmando a sua natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora, a sua incapacidade de dar resposta aos problemas da Humanidade.
Sublinhávamos também que, decorrendo da crise estrutural do capitalismo e do incremento da violenta ofensiva do imperialismo, a situação internacional conhecia «em termos gerais, um agravamento, nomeadamente quanto à agudização da tensão internacional, ao avanço de forças reaccionárias e fascizantes e aos perigos de guerra».
A realidade, os rápidos desenvolvimentos verificados nos últimos dois anos, demonstram a justeza da nossa análise.
Efectivamente, o grande capital instrumentalizou a situação de pandemia para agravar a exploração e o retrocesso social, acentuar a concentração e a centralização da riqueza, e lançar sobre os trabalhadores e os povos os custos de uma crise que se anunciava, com o consequente e brutal agravamento das desigualdades.
De facto, ao longo deste período foi levada mais longe a falsificação, a discriminação, a manipulação e a censura de informação, a propaganda de guerra, a instigação do ódio e do medo, o branqueamento do facismo, o fomento de concepções reaccionárias e do anti-comunismo, a promoção de forças de extrema-direita e fascizantes, o ataque às liberdades e à democracia.
Na verdade, os EUA, com as outras grandes potências capitalistas reunidas no G7, perante a sua crise e declínio relativo, não olham a meios para impor o seu domínio hegemónico mundial, procurando conter, e se possível reverter, o processo de rearrumação de forças que tem lugar no mundo e contrariar a resistência e luta dos trabalhadores e dos povos.
Camaradas,
É face às suas dificuldades, que o imperialismo norte-americano, com o particular alinhamento e a subordinação da NATO e da União Europeia, decidiu elevar para um ainda mais grave patamar a sua estratégia de domínio, procurando pelo incremento da coerção e da violência impedir opções soberanas de desenvolvimento e de relacionamento internacional e impor o isolamento político e económico de países e povos, com vista a controlar as suas riquezas.
Uma perigosa estratégia que encenando o perigo de um conflito de catastróficas proporções que se multiplica em acções de ingerência e agressão contra todos aqueles que, independentemente das suas opções económicas e sociais, não se submetem aos ditames do imperialismo, e em que se insere a escalada de confrontação e guerra contra a Federação Russa e a crescente política de confrontação contra a República Popular da China.
Por muito que alguns procurem encobrir, a guerra na Ucrânia – uma guerra que urge parar e que nunca deveria ter começado - é expressão desta escalada de confrontação dos EUA e da NATO contra a Rússia, em que a Ucrânia é usada como instrumento da estratégia do imperialismo norte-americano.
Uma espiral de confrontação que tem nas sanções – saliente-se, impostas à margem das Nações Unidas – um dos seus principais instrumentos, que tornam particularmente evidente o alinhamento e subordinação da União Europeia à estratégia de domínio dos EUA, aceitando os profundos impactos económicos particularmente nos países da Europa e impondo sacrifícios aos trabalhadores e aos povos, atacando os seus direitos.
Camaradas,
Por maior que seja a mentira, deturpação, caricatura, do bolçar do ódio anticomunista dos que nutrem e animam concepções e intuitos antidemocráticos e fascizantes:
- O PCP continuará a afirmar a sua corajosa e firme posição de sempre em defesa da paz e contra o fascismo e a guerra;
- O PCP continuará a afirmar a exigência do fim da instigação da guerra na Ucrânia por parte dos EUA, da NATO e da União Europeia e a urgência da abertura de vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando uma solução política para o conflito, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final de Helsínquia;
Por muito que incomode quem aplauda aqueles que são os primeiros e principais responsáveis pelo agravamento da situação no mundo, aqueles que cinicamente “atiram a pedra e escondem a mão”:
- O PCP continuará empenhado no desenvolvimento da luta contra as agressões e as ingerências do imperialismo; contra o militarismo e a corrida armamentista; contra o alargamento da NATO e pela sua dissolução; contra a militarização da União Europeia;
- Como continuará empenhado no reforço da luta pelo estabelecimento de acordos de desarmamentos; pela abolição das armas nucleares.
Por mais que incomode os arautos do imperialismo, os que, procurando situar apenas nesta guerra as causas dos grandes problemas da Humanidade, visando desresponsabilizar o capitalismo, aprofundar a exploração e a especulação, e dar cobertura à continuação da política de confrontação e domínio:
- O PCP continuará empenhado no fortalecimento da solidariedade com os povos que resistem ao imperialismo e lutam em defesa dos seus direitos e soberania – como com Cuba, a Palestina ou o Sara Ocidental, entre tantos outros países e povos; por uma nova ordem internacional de paz, soberania e progresso social;
- Como continuará empenhado em que Portugal rompa com a subordinação aos EUA, à NATO e à UE, e tenha uma política externa soberana e independente, assente nos princípios da paz, da amizade e da cooperação com todos os povos os povos do mundo, como consagra a Constituição da República.
Camaradas,
Se a evolução da situação internacional encerra sérios e perigosos desenvolvimentos, também sublinhámos no nosso XXI Congresso que nela coexistem reais potencialidades para o desenvolvimento da luta por avanços progressistas e revolucionários.
A realidade demonstra que, por todo o mundo, prossegue a resistência e a luta dos trabalhadores e dos povos – nas mais variadas condições, adoptando variadas formas e apontando diversificados objectivos imediatos –, uma resistência e luta que assume a maior importância e que é essencial valorizar.
Consciente dos perigos, mas também das potencialidades que a situação internacional comporta, o PCP prossegue empenhado no fortalecimento do movimento comunista e revolucionário internacional e no aprofundamento da sua cooperação, solidariedade recíproca e unidade na acção, assim como na convergência de uma ampla frente anti-imperialista, que detenha a ofensiva do imperialismo e abra caminho à construção de uma nova ordem internacional de paz, soberania e progresso social.
Prosseguindo a luta pela emancipação social, articulando a luta por objectivos imediatos com a luta por objectivos mais avançados, independentemente das fases e etapas e das formas que cada processo vier a assumir de acordo com a situação concreta de cada país, é com convicção e confiança que o PCP reafirma que é a substituição do capitalismo pelo socialismo que, no século XXI, continua como a mais sólida perspectiva de evolução da Humanidade.
É este caminho que o PCP continuará com inabalável determinação, alicerçado no firme compromisso com os trabalhadores e o povo português, honrando a sua dimensão e percurso de partido patriótico e internacionalista.
Viva a paz!
Viva a amizade e a cooperação entre os povos!
Viva o Partido Comunista Português!