Camaradas,
Eu sou um dos muitos operários que criam a riqueza apropriada pelos accionistas da Faurécia.
O meu percurso nesta multinacional do sector automóvel iniciou-se em 2015, e, tal como a larga maioria dos trabalhadores, fui contratado através de uma empresa de trabalho temporário para aquele que ainda é o maior empregador do distrito de Bragança. Ao longo dos anos, trabalhadores jovens dos vários municípios limítrofes, viram naquela fábrica a possibilidade de sair da situação de desemprego em que se encontravam, sujeitando-se a condições de trabalho duro e a troco de um mísero salário mínimo nacional.
Juntamente com outro camarada e, decorrente da nossa integração no Partido, foi-nos colocada a importância da criação de uma célula dos trabalhadores da Faurécia, e ai percebemos que com uma célula poderíamos ter outras ferramentas para nos defender e defender os trabalhadores. Nem sempre é fácil coordenar a luta, o trabalho sindical e o cumprimento das tarefas da Célula, mas o acompanhamento da organização do Partido tem orientado esta jornada que, entre alguns percalços, temos desenvolvido.
Por conseguinte, conscientes das barreiras que tínhamos pela frente bem como a urgência em organizar a luta na fábrica e reforçar a intervenção sindical, avançou-se com a eleição de dois novos delegados sindicais, iniciando-se assim o caminho da luta que estava a faltar ali.
Desde então recolhemos junto dos trabalhadores vários elementos que colocámos num caderno reivindicativo e levámos à administração. Ao fim de 2 anos de negociações sem resultados e de plenários com uma participação nunca antes vista por aqueles lados, fizemos a primeira greve após 20 anos de laboração.
Foi no passado dia 7 de Julho. Um dia de sol e calor repleto de alegria e forte confiança na luta organizada, pois sabemos que essa é a única coisa que nos pode livrar da exploração e do empobrecimento.
Camaradas,
foram muitos, foram quase todos os trabalhadores que ali se apresentaram prontos para levantar bem alto a bandeira de uma luta que há muito ansiavam.
A empresa, como seria de esperar, não soube interpretar a força dos trabalhadores e recusou-se a reconhecer a justiça das suas reivindicações, negando assim a actualização salarial proposta.
A frustração, face à intransigência dos senhores que ficam com a riqueza que nós produzimos, apenas fortaleceu a luta. Ainda ontem e anteontem realizamos mais 2 dias de greve, decididos após plenários muito participados. Mais uma vez os trabalhadores da Faurécia apresentaram-se à porta da fábrica em protesto pelo aumento salarial e por melhores condições de vida. A participação por turno variou entre os 65 e os 80% de adesão, exigindo o direito a trabalhar sem empobrecer e reafirmando que sem trabalhadores não há lucros e!
Camaradas,
20 anos foi o tempo que levou uma pequena empresa estrangeira a absorver centenas de Milhões de euros em fundos e investimentos públicos. Uma empresa que promove uma estratégia de baixos salários e a desvalorização dos trabalhadores, tudo pelo supremo interesse dos dividendos a entregar aos accionistas.
A hora de mudar já chegou e a luta ainda agora está a começar. Porque a fábrica vai ter de ceder às exigências dos trabalhadores, porque nós vamos manter-nos firmes!
A luta continua!
Viva a Conferencia Nacional do PCP
Viva o Partido Comunista Português
Viva a Luta dos trabalhadores!