Em primeiro lugar gostaria de agradecer a vossa presença aqui
na Quinta da Atalaia, local de realização da Festa do “Avante!” e que,
nos últimos meses, como todos os anos, se transformou num enorme
estaleiro, numa cidade em construção, numa grande escola de muitos
ofícios e artes com os quais muitos dos construtores da Festa contactam
pela primeira vez.

Faltam 14 dias para a abertura dos portões à
multidão que encherá as ruas e praças da Quinta da Atalaia. Neste
momento temos concluídos os trabalhos de concepção e alinhamento dos
conteúdos culturais da Festa. Têm em vosso poder vários materiais que
vos poderão ajudar a compreender a diversidade e riqueza dos
espectáculos e restantes expressões culturais da Festa do “Avante!”. O
meu camarada Ruben de Carvalho dar-vos-á algumas notas mais sobre os
espectáculos que decorrerão durante os três dias, no entanto não queria
deixar de chamar a vossa atenção para a enorme riqueza que decorre do
facto de termos a funcionar durante a Festa, além dos Palcos 25 de
Abril e 1º de Maio, o Avanteatro e mais 5 palcos em diversos espaços da
Festa onde no total actuarão mais de 120 grupos de artistas, alguns
deles encontrando na Festa do “Avante” a primeira oportunidade para
mostrarem o seu trabalho a um vasto público.

Quando os portões
da Atalaia abrirem poderão observar que na enorme torrente humana que
invade este belo espaço estarão milhares e milhares de jovens. É um
facto inegável que a Festa é cada vez mais uma festa da juventude, e
não falo apenas dos visitantes da Festa. Qualquer visita à Quinta da
Atalaia durante a fase de implantação mostra que são muitos, e cada vez
mais, os jovens militantes da JCP e do PCP que assumem como sua a
tarefa de edificar a Festa do “Avante!”. Mas não nos ficamos por aqui.
De forma crescente são os jovens que cada vez mais assumem grandes
responsabilidades na concepção e direcção da Festa do “Avante!”
garantindo o seu futuro, mas sobretudo e de forma muito responsável, o
seu presente.

Sob o lema “Transformar o sonho em vida” o
Espaço da Juventude, concebido, construído, dirigido e mantido em
funcionamento exclusivamente pela JCP é o espaço por excelência de
encontro dos jovens na Festa. Os seus conteúdos e pontos de interesse
são vários e a minha camarada Telma Capucho, Dirigente da JCP,
dar-vos-á algumas informações mais pormenorizadas sobre este importante
espaço e sobre o Palco Novos Valores cuja programação resulta de um
importante processo de concursos de música moderna do norte ao sul do
país.

Mas além dos concertos, teatro e demais expressões
culturais, a Festa dá natural destaque às grandes causas do PCP, às
grandes questões da actualidade, à luta dos trabalhadores e do povo
português. Por isso na Festa a discussão política tem naturalmente
lugar de destaque. Além das dezenas de debates que terão lugar nos mais
diversos espaços da Festa, e sobre os quais têm uma informação
detalhada em vosso poder, o Pavilhão Central é o espaço onde as
atenções estão centradas essencialmente nas questões políticas e
sociais. Este ano um dos temas principais do Pavilhão Central é a
evocação dos 60 anos da vitória sobre o nazi-fascismo. Este grande
acontecimento na história da humanidade será alvo de uma exposição de
importante valor histórico, didáctico e político com o título
“Comemorar a vitória, Lutar pela Paz” e que será completada com uma
outra exposição sobre o mesmo tema no Espaço Internacional. Mas no
Pavilhão Central poder-se-ão encontrar mais temas em análise. Em vosso
poder têm um documento com uma descrição mais pormenorizada dos
conteúdos deste espaço, mas gostaria de destacar mais duas exposições e
um espaço do Pavilhão Central: realizando-se no período de pré-campanha
eleitoral para as eleições autárquicas a Festa afirmará a diferença do
projecto autárquico do PCP e da CDU e será ela própria um importante
momento de afirmação da CDU.

No Pavilhão Central poder-se-á
visitar uma exposição sob o tema “CDU nas autarquias, um projecto
diferente” que terá como objectivo dar a conhecer o projecto autárquico
do PCP. A outra exposição política será apresentada sob o lema “Basta
de sacrifícios para os mesmos de sempre. Portugal precisa de uma nova
política e de uma mudança a sério”. Num tempo em que o Governo PS, num
novo e violento ataque aos trabalhadores, impõe mais sacrifícios ao
povo português, em nome da situação das contas públicas, o PCP
reafirmará através desta exposição que é necessária uma nova política
que potencie o crescimento e o desenvolvimento económicos, que proteja
a produção nacional, que combata o desemprego, que aposte na criação de
emprego com direitos e que valorize os salários e pensões como factor
de justiça social e de alargamento do mercado interno.

Terminando esta sumária descrição sobre o Pavilhão Central não poderia
deixar de destacar o espaço das tecnologias da informação e
comunicação. Pelo segundo ano neste espaço serão realizados workshops e
debates sobre esta área e serão lançados dois novos CD’s: a versão 2.0
do Komunix , uma distribuição baseada no sistema operativo livre Linux;
e o alterCD, uma distribuição que inclui aplicações de software livre
para o sistema operativo Windows, textos e iniciativas do PCP nesta
área.

Sras e Srs Jornalistas: Convocámos esta conferência de
imprensa para vos dar conta do programa final –cultural e político – da
Festa do “Avante!”, assim como para vos informar de algumas iniciativas
e acontecimentos histórico-políticos aos quais daremos especial
importância nesta edição. Mas realizando-se esta conferência de
imprensa neste espaço, não poderíamos deixar de chamar a vossa atenção
para o valor maior que esta grande realização do PCP tem: A Festa do
“Avante!” é fruto da convergência, da soma, das ideias, das vontades e
do trabalho voluntário de milhares de militantes e amigos do PCP.
Aquilo que podem observar desta esplanada, ainda incompleto, com muito
ainda por fazer até ao dia de abertura da Festa, é o resultado de mais
de 2800 jornadas de trabalho voluntário realizadas desde meados de
junho até agora. E isso tem para nós um enorme valor. Claro que o que
vêem não é apenas resultado dessas jornadas de trabalho. Para trás
ficou todo o trabalho de concepção e preparação dos conteúdos da Festa,
muitas horas de reuniões de inúmeros colectivos criados pela
organização do Partido para preparar a Festa do “Avante!”, muitas
discussões sobre projectos, ideias, guiões e propostas que constituem
um riquíssimo património de criatividade e de capacidade de realização
dos comunistas portugueses.

A Festa, sendo obra dos comunistas
portugueses e muito ligada aos problemas e anseios dos trabalhadores e
do povo português, é também uma festa que valoriza e dá corpo à
solidariedade internacionalista. Todos os anos a Festa do “Avante!” é
visitada por dezenas de delegações estrangeiras que de forma solidária
se associam a esta realização do PCP, transformando-a simultaneamente
num importante momento de encontro e reunião de partidos comunistas e
progressistas de todo o mundo. O meu camarada Ângelo Alves, responsável
pelo Espaço Internacional da Festa do “Avante!” poderá dar-vos mais
alguns dados sobre a vertente internacional da Festa e ainda sobre um
importante acontecimento de solidariedade internacionalista que irá
decorrer nesses três dias e uma das razões principais que nos levou a
convocar esta conferência de imprensa: A presença na Festa do “Avante!”
de Rosa Aurora Freijanes, cidadã cubana, economista, mulher de Fernando
Gonzalez Llort, um dos cinco patriotas cubanos prisioneiros nos EUA.

Sras
e Srs Jornalistas: Há pouco falava-vos da importância que damos ao
trabalho voluntário na Festa, ao valor colectivo desta grande
realização. E de facto o modo como construímos a Festa diz muito sobre
a forma como intervimos, como nos organizamos para a luta por um
Portugal e mundo melhores. Por isso “Esta Festa do “Avante!” é um
testemunho vivo dos objectivos da luta do nosso Partido” e “Esta Festa
é também um testemunho vivo das profundas raízes do nosso Partido na
classe operária, nas massas populares, na juventude.” Estas duas
frases, apesar de proferidas há quase 30 anos, continuam a definir com
muita actualidade o significado e a natureza da Festa do “Avante!”.
Foram duas frases ditas no emocionante comício da 1ª Festa do “Avante!”
na FIL em Setembro de 1976. Escritas e ditas por Álvaro Cunhal, então
Secretário Geral do PCP.

Passados quase 30 anos desse momento
vamos realizar a primeira Festa do “Avante!” depois da morte de Álvaro
Cunhal. Estamos convictos que a maior homenagem que podemos prestar ao
nosso camarada é canalizar todos os nossos esforços para que a nossa
Festa seja mais uma vez um sucesso, que renasça cada ano que passa mais
viva, mais combativa, mais bonita. Se isso acontecer - e vai acontecer
- o trabalho, o inestimável contributo, as ideias e o sonho de Álvaro
Cunhal vão estar sempre presentes nesta Festa. Ainda lembrando as suas
palavras no comício da 1ª Festa do “Avante!” em que afirmou que
“Lembrando o Passado, nós, comunistas, estamos voltados para o presente
e para o futuro” concebemos um momento que precederá o acto político
mais importante da Festa, o comício de Domingo, 4 de Setembro em que o
revolucionário, o dirigente comunista, será recordado. O conteúdo desse
momento, como devem compreender, vamos reservar para o próprio momento.

Além deste momento irão surgir naturalmente outros apontamentos na
Festa que relembrarão Álvaro Cunhal e sobretudo a sua multifacetada e
riquíssima experiência de vida. Assim, e relembrando o Álvaro Cunhal
homem das artes plásticas iremos, no espaço da XIV Bienal da Festa do
“Avante!”, expor pinturas de sua autoria nunca expostas nem editadas
até hoje. A somar a esta exposição haverá neste mesmo espaço projecções
de imagens com desenhos e pinturas suas. No Pavilhão Central dois
painéis evocativos relembrarão as duas grandes personagens históricas
do nosso país falecidas este ano: o General Vasco Gonçalves e Álvaro
Cunhal. No espaço do Livro da Festa haverá ainda, e também
naturalmente, um especial destaque à extensa obra literária e artística
de Álvaro Cunhal.

Como podem facilmente perceber enveredámos
por lembrar na Festa o nosso Camarada Álvaro de uma forma muito
particular. Mais do que exaltar a sua figura histórica queremos mostrar
o que de melhor ele produziu, ajudou a criar e a fortalecer. A Festa do
“Avante!”, como um todo, faz parte do património do seu Partido de
sempre.