Sr. Presidente, Sr. Deputado Jorge Nuno Sá,
Começo por lhe dirigir uma palavra de felicitação pela recente realização do Congresso Nacional da JSD e, não estando em cima da mesa a discussão de assuntos internos de organização, interessa conhecer, mais concretamente, a apreciação que foi feita pela JSD sobre o rumo político e as medidas assumidas pelo Governo.
Sendo certo, à partida, uma ideia fundamental, de que não é possível haver boas políticas de juventude quando subordinadas ou agregadas a más orientações políticas gerais, penalizadoras da população e penalizadoras da juventude, gostaríamos de ouvir a vossa opinião sobre as medidas que o Governo adoptou, especificamente relacionadas com a juventude.
De um conjunto de áreas abordadas pelo Sr. Deputado — e fê-lo de uma forma muito preocupante, quanto a nós —, gostaria de destacar uma, que é um problema maior e que se faz sentir em milhares e milhares de jovens portugueses, refiro-me à questão da habitação, à aquisição de habitação própria.
Ora, sendo este um problema sentido por tantos jovens deste país, e agora agravado com o fim do «crédito jovem» para a habitação, em vigor desde ontem, a JCP iniciou em Maio deste ano uma campanha de assinaturas, que passou, inclusivamente, por uma acção simbólica em frente a esta Assembleia, e recolheu até agora mais de uma dezena de milhar de assinaturas, no sentido de protestar, criticar, recusar a medida tomada pelo Governo nesta área. Esta campanha alargou-se a todas as capitais de distrito, onde se mobilizaram esforços e se recolheram as opiniões dos jovens contra esta medida tão gravosa e tão penalizadora.
Na intervenção que o Sr. Deputado faz, de alguma forma pode dizer-se que «chuta para canto» o problema da habitação própria. E, quando fala em entregar ao mercado e às suas dinâmicas a resolução deste problema, quando fala em regular o mercado e em intervir pela via do arrendamento, a questão, Sr. Deputado, é muito simples: o problema da habitação própria persiste e, até se pode dizer, agrava-se. Agrava-se com a nova medida — «é pior a emenda do que o soneto» —, quando se fala do fim do limite de 30 anos para o crédito, em que o que está em causa não é mais do que uma consequência do aumento do endividamento dos portugueses, tornando-os ainda mais vulneráveis aos interesses da banca. No limite, o endividamento será para toda a vida.
Vem o mal, vem a caramunha, Sr. Deputado!