O processo de escolha dos ocupantes dos cargos de topo nas instituições da UE traduz, em primeiro lugar, uma afirmação de poder por parte do directório de potências que sempre determinou o rumo da UE, nomeadamente do eixo franco-alemão, hegemonizado pela Alemanha. Um directório que decide e impõe.
Na sequência dos resultados das eleições para o Parlamento Europeu, que evidenciaram uma erosão eleitoral dos partidos da direita e da social-democracia, membros respectivamente do PPE e do S&D, tornou-se necessário reconfigurar o denominado “Consenso de Bruxelas”, passando este a incluir com outro protagonismo os chamados “liberais”, agora formalmente necessários à formação das maiorias necessárias para impor a continuidade das políticas vigentes.
O compromisso alcançado confirma o embuste dos chamados “candidatos a Presidente da Comissão Europeia”, manobra de manipulação política que procurou dar uma aparência democrática a um processo antidemocrático na sua essência, dando ao mesmo tempo cobertura aos esforços de aprofundamento do carácter federalista das instituições da UE e do próprio processo de integração capitalista.
A percepção pública generalizadamente negativa face a este processo pode levar os seus protagonistas a contemporizações, ajustes e alterações pontuais ou mesmo uma ou outra cambalhota no consenso agora alcançado. Mas a intenção é clara: para lá dos personagens do momento, insistir nas mesmas políticas.